A inspiração (bem de leve, convenhamos) é a de Velho Logan, HQ de Mark Millar e Steve McNiven, que avança muitos anos no futuro para mostrar um mundo desolado e dominado por vilões. No longa, os filhos do átomo deixaram de nascer, sendo que Wolverine, Professor Xavier (Patrick Stewart) e Caliban (Stephen Merchant), um mutante rastreador, são os únicos remanescentes da raça. Velho e cansado, Logan trabalha como motorista de limusine para cuidar, com a ajuda de Caliban, de um Charles Xavier debilitado e com dificuldades para controlar seu poderoso cérebro. Eles vivem escondidos na fronteira entre México e EUA, tentando ficar longe de problemas enquanto juntam dinheiro para deixarem o local.
Mas quando se fala de Wolverine, os problemas são constantes. Com a aparição da misteriosa Laura (Dafne Keen), garota que tem mais a ver com o protagonista do que ele imagina, a confusão surge com o grupo dos Carniceiros, um bando que quer capturar a menina. A pedido do professor e presenciando a ligação estreita que Laura tem consigo, o outrora X-Men decide ajudar a menina. Assim, começa um road movie com essa família de membros iguais, mas ao mesmo tempo tão diferentes.
Os atores chegam ao ápice das interpretações desses personagens com esse trabalho. O Logan de Hugh Jackman, acompanhado de uma grande carga dramática, faz ótimo contraponto a um Wolverine visceral e sanguinário. Patrick Stewart é a mistura perfeita de uma pessoa idosa, com as limitações que podem ocorrer com o avanço da idade, e o bom e velho professor. Sua relação paternal com Logan equilibra os momentos de respiro entre as cenas mais violentas e é comovente de se ver. Para completar, Dafne é uma grata surpresa e está incrível em seu papel, com momentos de expressão apenas pelo olhar.
Embalado pelo sucesso de Deadpool, filme com classificação etária alta e maior bilheteria de uma produção nessa categoria, Logan avança exponencialmente nas cenas de ação. Garras armadas, Wolverine descarrega sua fúria, cortando, decapitando e cravando suas poderosas armas de adamantium nos inimigos. Como dito, a menina tem muito a ver com o carcaju, e sua presença só enriquece o roteiro e o futuro mutante nos cinemas. Com a habilidade inerente ao mutante canadense nos tempos áureos, a menina aniquila os vilões e resgata o trabalho em equipe, uma das qualidades dos X-Men nos quadrinhos e nas telonas.
Com uma bela fotografia, o longa passa por paisagens desérticas que refletem o declínio do mundo. Uma pesada maquiagem, tanto em Jackman quanto em Stewart, demonstra como a vida foi dura para aqueles dois homens. Robôs cruzam o caminho dos viajantes nas estradas, e os Carniceiros são melhorados com próteses de metal, numa representação do que poderia ser o cruel futuro que os mutantes enfrentaram em Dias de um Futuro Esquecido.
Depois de vários filmes, seja junto aos X-Men ou em aventuras solo, finalmente temos um Wolverine que faz jus ao personagem. A dedicação de Jackman é coroada com o filme definitivo, que encerra o ciclo do ator no papel e passa o bastão para a nova geração. Novos mutantes ou X-Force, só o tempo vai dizer, mas como a passagem dele fez bem aos portadores do gene X nos cinemas, o futuro parece bastante promissor.
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