sábado, 11 de março de 2017

Kong: Ilha da Caveira - Crítica

Cristiano Almeida

Uma ilha no Pacífico Sul habitada por uma civilização perdida, criaturas exóticas e muitos perigos. Um grupo de exploradores acompanhados por pilotos de helicóptero da Guerra do Vietnã determinados a desbravar o local. Entre eles, o rei, Kong, um gigantesco macaco que permaneceu soberano até a chegada da ganância humana. São esses os elementos que compõem a nova versão de King Kong, uma das criaturas mais fantásticas já concebidas pelo cinema.

Reconhecido prontamente pela icônica imagem do macaco segurando a mulher no alto do Empire State Building, King Kong já teve inúmeras versões nas telonas. Em Ilha Da Caveira, porém, esqueça a donzela raptada pelo gorila, pois a ideia aqui é mostrar uma história anterior ao clássico. Para isso, o diretor Jordan Vogt-Roberts utiliza várias guerras como pano de fundo e recheia o filme de referências visuais e sonoras.

Bill Randa (John Goodman) consegue o financiamento e a proteção militar que precisava para explorar a misteriosa ilha. O que seria uma missão em prol da ciência, rapidamente reverte-se numa luta pela sobrevivência quando o grupo é derrubado pela gigantesca criatura e fica exposto aos perigos do local. Liderados pelo coronel Packard (Samuel L. Jackson), soldados e civis, um rastreador (Tom Hiddleston) e uma fotógrafa (Brie Larson), precisam chegar ao outro extremo do local para conseguir voltar à civilização.

O problema é que o bicho não estaria enfurecido se não tivessem invadido seu habitat. Ele apenas quer reinar e proteger seus "súditos" de um perigo muito maior: criaturas seculares parecidas com lagartos que só pensam em devorar o que encontram pela frente. E, assim como os gorilas têm sua versão turbinada com Kong, os monstros também são acompanhados de um exemplar de tamanho descomunal de sua espécie.

Em comparação ao filme de Peter Jackson, o King Kong de Vogt-Roberts é muito maior e anda de forma mais ereta. Seu comportamento indica uma consciência melhor das ações, com direito a estratégia na hora de enfrentar os inimigos. Nesse ponto, o longa não decepciona, com o macacão brigando com os lagartos em takes de pura selvageria. Com a colaboração do ator Toby Kebbell na captura de movimentos, o diretor extrai as melhores expressões de raiva, dor, fúria e admiração.

Sim, em meio aos confrontos, há tempo para o macaco sentir algo mais nobre, especificamente pela personagem de Brie Larson. Uma pena, contudo, que ela - assim como Tom Hiddleston - não sejam desenvolvidos adequadamente e fiquem limitados à poucos momentos aproveitáveis. Em termos de personagens, apenas John C. Reilly e Samuel L. Jackson têm estofo para desempenhar uma construção satisfatória, pois os outros são descartáveis e sem carisma. Reilly faz um soldado perdido na ilha por muito tempo, fato que o levou a conhecer os costumes e perigos que lá habitam; Jackson vive um homem que vê a guerra como parte de sua vida. Sem guerrear, ele não saberia o que fazer e, ao se deparar com algo tão desafiador como Kong, sente novamente a adrenalina de estar no campo de batalha.

O aprofundamento na mitologia da ilha e da própria vida de King Kong agregam muitos pontos ao longa. O pano de fundo histórico, citado em guerras e chegada do homem à lua, serve para inserir a trama em um contexto mais próximo de nossa realidade, embora o fator humano tenha sido o que mais prejudique o filme em qualidade. Porém, quando você vê um macaco gigante, um King Kong, socando monstros no mesmo universo onde ainda existe o Godzilla, humanos são o que menos importam. Vida longa ao Rei!

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Jornalista apaixonado por cinema. Idealizou o blog com o desejo de partilhar as maravilhas da Sétima Arte com outros cinéfilos e quem mais se interessar pelo assunto.