
A dívida, chamada na produção de promissória, chega na figura de Santino (Ricardo Scamarcio), um chefão do crime que quer ocupar uma das doze cadeiras da Alta Cúpula do crime internacional. Para isso, ele recorre aos serviços de Wick, obrigando-o a honrar o compromisso - que não pode ser questionado - em virtude do alto grau de organização e regras pelas quais os assassinos são regidos.
Tanto Santino quanto Winston (Ian McShane reprisando o papel de gerente do Continental, o hotel dos assassinos) são figuras essenciais para a expansão dos elementos que compõem o enredo do roteirista Derek Kolstad. O vilão apresenta fatos do passado de John que têm grande potencial para serem explorados em outras produções, enquanto o gerente traz novos detalhes da organização criminosa e sua ação internacional. Um desses detalhes representa a divisão da máfia pelo mundo e suas respectivas denominações, como a Camorra italiana, a Tríade chinesa e a Yakusa japonesa.
Mas frente a todo o poderio dos criminosos está o exército de um homem só: John Wick. Amargurado, incomodado em seu descanso, arrancado de sua aposentadoria, ele volta a ser o lendário matador de aluguel. Com habilidades que vão desde matar um homem com um simples lápis até a mistura de artes marciais (judô, jiu-jítsu), armas de fogo e armas brancas, Wick é um maestro na arte de matar. Sua movimentação coreografada, fluida, enquanto massacra vários inimigos ao mesmo tempo continua sendo o ponto alto da obra.
Em conjunto com ambientações mais diversificadas, o longa ganha em tudo em relação ao longa original. Acrescentando Roma como um dos cenários, o diretor Chad Stahelski é premiado com a beleza arquitetônica do local para compor a fotografia e mostrar a filial do Continental na Europa. De volta aos Estados Unidos, em Nova York, o cineasta utiliza muita luz, inclusive com vários tons de neon, para intensificar e referenciar a ação.
São referências que levam nossas lembranças aos grandes filmes de ação e artes marciais. Bruce Lee, a Noiva de Kill Bill ou mesmo o Neo de Matrix (outro grande papel de Reeves) rapidamente nos vêm à mente quando vemos John detonar um criminoso atrás do outro num espetáculo visual de tiros, socos, chutes e sangue. A participação de Laurence Fishburne (outro membro de Matrix) reforça ainda mais a ideia das influências que a produção absorveu para ser composta.
Contudo, a inclusão do ator não é limitada apenas a isso. Ela abre uma nova possibilidade para John Wick, já que o gancho para a continuação indica que o caminho do assassino ficará ainda mais difícil. Mas se gradativamente as barreiras se interpõem ao desejo da aposentadoria, na mesma escala ele volta a ser o temido matador, o que significa um azar tremendo para os criminosos, mais um grande filme de ação a caminho e um deleite para nossos olhos.
Leia a crítica de De Volta ao Jogo
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