
A cada 60 anos seres chamados Tao Tei saiam de seu descanso para atacar os humanos e aumentar consideravelmente o número de criaturas. Liderados por uma rainha, os monstros devoravam tudo que encontram pela frente e, sem nenhum impedimento, poderiam aniquilar a humanidade. Próximo ao território dos bichos foi erguido o extenso muro, e para protegê-lo existia um grupo de centenas e centenas de soldados trajando armaduras coloridas, a Ordem Sem Nome.
As armaduras vermelhas representavam os arqueiros, as pretas indicavam a tropa terrestre e as azuis formavam a Tropa Garça, que era composta apenas por mulheres. Lideradas pela general Lin (Jing Tian), as mulheres eram hábeis no uso de lanças e se atiravam da muralha amarradas em cordas (numa espécie de bungee jump da época) para enfrentar os monstros. É Lin a responsável por fazer a ponte entre a ordem e o personagem de Matt Damon, William, um exímio arqueiro.
Ele e Tovar (Pedro Pascal), seu parceiro em várias aventuras, acabam dando de cara com a ordem. Inicialmente prisioneiros, os homens demonstram seu valor e passam a integrar o exército na batalha mortal contra os monstros. Temos assim um trabalho semelhante ao de Tom Cruise em O Último Samurai, no qual um estrangeiro se depara com uma outra cultura e acaba se apaixonando pelo modo de vida.
Admirado com o sistema de organização e a honra dos soldados, Damon torna-se peça importante da estratégia de luta e deixa para trás um passado mais obscuro, Como o roteiro não dá muito espaço para o desenvolvimento do personagem, apenas ficamos sabendo de suas ações antigas por meio de insinuações de seu companheiro. A trama ainda envolve os personagens com a invenção da pólvora, mas de maneira superficial, já que o foco é mesmo nas sequências de ação.
Se considerarmos que o filme é comandado por Zhang Yimou, diretor de Herói e O Clã das Adagas Voadoras, não é de todo ruim que o longa use grande parte de seu tempo para o confronto entre soldados e Tao Teis. Conhecido por seu apurado senso estético, o cineasta sabe como filmar grandes exércitos em guerra para capturar o melhor da ação. Aqui, ele usa as cores das armaduras para coordenar os tipos de habilidades que serão demonstradas e transmite com isso um afinado sistema de comunicação entre os combatentes. Alie a tudo isso os grandes planos de câmera que contemplam as belezas naturais da região e temos uma produção com toda a pompa do cinema chinês.
Para quem esperava um pouco mais de base histórica para a composição da trama, A Grande Muralha deixa claro que essa nunca foi a intenção. Ao divertir sem o desejo de se aprofundar demais, a produção cumpre o que se propõe a fazer e acerta o alvo com a exatidão das flechas do arqueiro William.
Nenhum comentário:
Postar um comentário