
Como a proposta aqui é mostrar o homem antes da criatura e
estabelecer a atmosfera, a ambientação do universo, não temos referências ou
indicações dos outros monstros, o que deve ser desenvolvido nos vindouros
longas. Desse modo, conhecemos Vlad (Luke Evans), príncipe da Transilvânia que
outrora ficou conhecido como O Empalador, um frio assassino que lutava ao
lado dos turcos.
Após um longo período, ele retorna ao seu reino e vive
tempos de prosperidade, mas a hegemonia imposta pelo império Otomano acaba com os
anos de calmaria. Depois que batedores turcos somem misteriosamente nas terras
do príncipe, o sultão turco exige que o regente entregue mil garotos -
inclusive seu próprio filho - para que sejam treinados como soldados.
Sem o exército adequado para combater o
poderio turco, Vlad busca a ajuda de uma criatura que se
esconde na escuridão das cavernas da Transilvânia e é detentora de um poder capaz de derrotar milhares de homens. É a partir
daí que o sacrifício começa a moldar os rumos do longa: o príncipe que se
sacrifica pelos súditos e pela família, o homem que sacrifica sua humanidade, a
esposa que sacrifica a vida em benefício do filho e do povo.
Sendo assim, antes de ser um dos mais temidos vilões do
cinema, Drácula é apresentado como um herói, um homem levado às trevas pelas
circunstâncias. No filme, seus poderes soam exagerados em determinados
momentos, mas são visualmente interessantes. O visual, aliás, é muito bem
construído, com o Design de Produção e a Fotografia recriando toda a atmosfera gótica,
sombria e nefasta que a presença de Drácula exige.
Para uma produção de origem, a duração é curta, porém sem comprometer o andamento da trama, que é bem direta em seus objetivos e não
enrola com momentos desnecessários. É interessante ver também que o diretor
Gary Shore pega fatos anteriores ao clássico conto do vampiro e insere
elementos importantes do cânone, como a cruz, a estaca, a tentação pelo sangue
e a fraqueza à luz solar (não se preocupe, esse vampiro não brilha ao sol).
Os fãs mais ardorosos, acostumados aos filmes clássicos do vampiro, como Nosferatu - Uma Sinfonia do Horror, Drácula, de 1931, ou ainda aos intérpretes: Bela Lugosi, Christopher Lee, Gary Oldman, podem
desconsiderar o projeto dentro do que já foi visto na história do cinema. Por
outro lado, para o que se propõe: contar a origem de Drácula, o longa é bem-sucedido, entretém
e atualiza a lenda de um personagem que literalmente atravessou os tempos. Consideremos,
então, que é ótima a ideia de apresentar a criatura para um público que estava ficando
acostumado a vampiros bonzinhos e brilhantes.
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