quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Drácula: A História Nunca Contada – Crítica

Cristiano Almeida

Drácula: A História Nunca Contada (Dracula Untold) é a nova versão do clássico personagem da literatura e do cinema. Além de contar a origem do vampiro, a produção do estúdio Universal é a primeira de um projeto mais ambicioso: a criação de um universo compartilhado, onde Drácula, o Lobisomem, a Múmia, entre outros monstros, coexistem. 

Como a proposta aqui é mostrar o homem antes da criatura e estabelecer a atmosfera, a ambientação do universo, não temos referências ou indicações dos outros monstros, o que deve ser desenvolvido nos vindouros longas. Desse modo, conhecemos Vlad (Luke Evans), príncipe da Transilvânia que outrora ficou conhecido como O Empalador, um frio assassino que lutava ao lado dos turcos.

Após um longo período, ele retorna ao seu reino e vive tempos de prosperidade, mas a hegemonia imposta pelo império Otomano acaba com os anos de calmaria. Depois que batedores turcos somem misteriosamente nas terras do príncipe, o sultão turco exige que o regente entregue mil garotos - inclusive seu próprio filho - para que sejam treinados como soldados.  

Sem o exército adequado para combater o poderio turco, Vlad busca a ajuda de uma criatura que se esconde na escuridão das cavernas da Transilvânia e é detentora de um poder capaz de derrotar milhares de homens. É a partir daí que o sacrifício começa a moldar os rumos do longa: o príncipe que se sacrifica pelos súditos e pela família, o homem que sacrifica sua humanidade, a esposa que sacrifica a vida em benefício do filho e do povo.

Sendo assim, antes de ser um dos mais temidos vilões do cinema, Drácula é apresentado como um herói, um homem levado às trevas pelas circunstâncias. No filme, seus poderes soam exagerados em determinados momentos, mas são visualmente interessantes. O visual, aliás, é muito bem construído, com o Design de Produção e a Fotografia recriando toda a atmosfera gótica, sombria e nefasta que a presença de Drácula exige.

Para uma produção de origem, a duração é curta, porém sem comprometer o andamento da trama, que é bem direta em seus objetivos e não enrola com momentos desnecessários. É interessante ver também que o diretor Gary Shore pega fatos anteriores ao clássico conto do vampiro e insere elementos importantes do cânone, como a cruz, a estaca, a tentação pelo sangue e a fraqueza à luz solar (não se preocupe, esse vampiro não brilha ao sol). 

Os fãs mais ardorosos, acostumados aos filmes clássicos do vampiro, como Nosferatu - Uma Sinfonia do Horror, Drácula, de 1931, ou ainda aos intérpretes: Bela Lugosi, Christopher Lee, Gary Oldman, podem desconsiderar o projeto dentro do que já foi visto na história do cinema. Por outro lado, para o que se propõe: contar a origem de Drácula, o longa é bem-sucedido, entretém e atualiza a lenda de um personagem que literalmente atravessou os tempos. Consideremos, então, que é ótima a ideia de apresentar a criatura para um público que estava ficando acostumado a vampiros bonzinhos e brilhantes.

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Jornalista apaixonado por cinema. Idealizou o blog com o desejo de partilhar as maravilhas da Sétima Arte com outros cinéfilos e quem mais se interessar pelo assunto.