
É logo após os eventos desse embate entre os maiores heróis da editora que a trama do novo longa começa. O mundo está em luto e sem esperança após o sacrifício de Superman (Henry Cavill) para salvar a humanidade do ataque de Apocalypse. Consumido pela culpa de seus atos, Bruce Wayne/Batman (Ben Affleck) pressente que um perigo maior está chegando à Terra e decide formar, juntamente com Diana/Mulher-Maravilha (Gal Gadot), um grupo de defesa.
Entre relutância e aceitação, a Liga inicialmente tem a formação com Batman, Mulher-Maravilha, Barry Allen/Flash (Ezra Miller), Victor Stone/Ciborgue (Ray Fisher) e Arthur Curry/Aquaman (Jason Momoa). As origens desses três últimos personagens são introduzidas em poucos diálogos, visto que o planejamento é para que cada um tenha seu próprio filme solo (Aquaman já está sendo filmado). Desse modo, o grupo forma-se num misto de liderança, inspiração, comicidade, introspecção e força bruta.
Tais características são distribuídas de modo que cada personagem tenha espaço para demonstrar seu perfil. Isso não necessariamente indica que elas são utilizadas de forma completamente satisfatórias, pois, em determinado momento, Aquaman representa apenas força e o Flash passa dos limites em sua performance cômica. São desvios que devem ser ajustados nas produções solo para que os heróis se aproximem cada vez mais de suas personalidades nos quadrinhos.
Esses desvios não acontecem frente ao retorno do Superman. Embora ele venha cercado de expectativa e insinuações, que nem chegam a acontecer de fato, sua participação é digna da grandiosidade de seu simbolismo. O kryptoniano mostra que é a força suprema do grupo e a inspiração para que a Liga da Justiça seja a principal fonte de defesa da Terra contra quaisquer ameaças.
A ameaça da vez é Lobo da Estepe (Ciáran Hinds), tio do poderoso Darkseid, regente de Apokolips. Em resposta ao chamado das caixas maternas, artefatos vistos em Batman Vs Superman, Steppenwolf vem ao nosso planeta para reuni-las em uma unidade. As caixas foram divididas entre as amazonas, os atlantes e os humanos, após outra tentativa de invasão por parte do vilão e seu exército de parademônios, que foi impedida pela união de várias raças. Apesar de curto, esse registro da batalha é espetacular em termos técnicos e empolgante pelos easter eggs que apresenta.
Assim como o equilíbrio nas características dos personagens, a parte técnica também passa por bons e maus momentos. Como de costume Zack Snyder entrega ótimas cenas de ação, visualmente mais impactantes com o seu recurso preferido: a câmera lenta. Porém, quando um efeito digital é colocado na movimentação da Mulher-Maravilha, o CGI parece carregado. Esse problema é mais perceptível nas cenas de refilmagem com o Superman e o bigode do ator Henry Cavill. Ele participava das gravações de Missão: Impossível 6 interpretando um personagem que usa bigode, logo, ao ser chamado para filmar novas cenas de Liga, seus pelos tiveram que ser removidos digitalmente, o que demonstrou um acabamento muito inferior em comparação aos outros efeitos.
Essas cenas adicionais foram comandadas por Joss Whedon, diretor de Vingadores. Ele assumiu o posto após o afastamento de Zack Snyder por problemas pessoais. Whedon é um cineasta com muita qualidade, mas, quando analisadas como um todo, nota-se que certas cenas não acrescentaram conteúdo à narrativa e não precisariam ser incluídas para a compreensão da trama.
Com a inclusão das gravações adicionais, muito do que foi filmado originalmente foi cortado na edição final. Pelos trailers divulgados, percebemos que Ciborgue perdeu grande parte de seu questionamento existencial, e Bruce Wayne ficou limitado ao processo de culpa. O roteiro não poderia ter desperdiçado a oportunidade de fazer a conexão entre a cena com Flash e Bruce em Batman Vs Superman e este Liga da Justiça, pois ao mesmo tempo que temos uma continuidade narrativa, conseguimos visualizar até onde os poderes de Barry Allen podem chegar.
Acompanhado de uma trilha sonora que vai de um cover de Come Together dos Beatles aos temas clássicos de Superman e Batman por John Williams e Danny Elfman, respectivamente, o filme traz boas lembranças aos corações dos fãs. Um enquadramento digno dos quadrinhos mostra os seis membros reunidos, logo depois uma redução dele foca na Trindade da DC Comics. São pequenos detalhes que nos dizem que a Liga da Justiça está entre nós, ainda não da forma empolgante como se esperava, mas com grande potencial para seguir para o alto e avante.
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