domingo, 17 de setembro de 2017

It: A Coisa - Crítica

Cristiano Almeida

Adaptação do livro homônimo de Stephen King, It: A Coisa funciona também como um remake para o telefilme de 1990 que trazia Tim Curry no papel do palhaço Pennywise. A refilmagem vem apoiada numa satisfatória mescla de gêneros para falar sobre o medo que assola uma pacata cidade do estado do Maine.

Acompanhamos o Losers Club, um grupo de garotos (seis meninos e uma menina) excluídos socialmente. Eles sofrem bullying na escola e encaram seus próprios problemas em suas respectivas casas. Abuso dos pais, superproteção, traumas do passado, tudo ganha proporções maiores e assustadoras para esses jovens em fase de descoberta.

Quando o irmão caçula de um deles some, e ninguém na cidade parece dar a mínima, a investigação por conta própria das crianças leva a um único suspeito: Pennywise, uma figura sinistra que representa muito mais do que o medo de palhaços. A Coisa é uma personificação, uma união de medos, traumas e inseguranças, faminta para se alimentar dessas sensações.

No livro, o autor viaja entre passado e presente para narrar a história dos garotos jovens e em idade adulta. Felizmente, esse capítulo um foca apenas na infância deles, optando por abordar a fase adulta no já confirmado segundo filme. Com essa atitude, podemos ter, dentro do que é possível mostrar em um longa-metragem, a íntegra da infância do grupo, seu primeiro confronto com a entidade e o pacto que eles fazem de enfrentar o medo em uma situação futura.

Ao trabalhar essa parte do livro em sua adaptação, o diretor Andy Muschietti dispensa bastante tempo para mostrar a interação do elenco infantil. O interessante é que esse contato entre eles é filmado com um ótimo trabalho de edição e montagem. Assim, temos eles interagindo em tom aventuresco, de comédia, em situações dramáticas e, claro, num clima de terror. Muschietti situa a narrativa nos anos 80 e se inspira na década para construir a história, contextualizando situações inerentes à época e bebendo na fonte do cinema oitentista para chegar ao resultado.

Adepto de efeitos práticos, o diretor ergue cenários que refletem cada momento pelo qual os garotos passam. A casa que leva ao mundo da Coisa apresenta uma fachada nem um pouco convidativa, o mundo dele poderia ter uma classificação onírica, não fosse o terror que representa, e as alucinações que as crianças enfrentam a cada novo medo transformam o ambiente em puro pesadelo.

Com a ambientação bem estabelecida, Bill Skarsgård tem todo o espaço para entregar um trabalho memorável como Pennywise. Apenas com um sorriso o ator transmite a crueldade do palhaço, num olhar revela sua intenção maléfica, com um movimento corporal faz rir, com outro, provoca medo. Uma entrega realmente digna dos grandes trabalhos do cinema.

Se a produção decidisse seguir apenas por um gênero cinematográfico, seria agradável de se acompanhar da mesma forma. Como dito, ela se aventura por mais de um e obtém êxito em todos. Não é um filme para se levar sustos gratuitos, é, na verdade, uma obra que traz uma mensagem de que os medos podem existir de várias formas e que cabe a cada um buscar a força interior para enfrentá-los. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Editor

Minha foto
Jornalista apaixonado por cinema. Idealizou o blog com o desejo de partilhar as maravilhas da Sétima Arte com outros cinéfilos e quem mais se interessar pelo assunto.