sábado, 15 de julho de 2017

Homem-Aranha: De Volta ao Lar - Crítica

Cristiano Almeida

Há pouco tempo o Homem-Aranha ganhou uma tentativa de reiniciar sua história nos cinemas. Em dois filmes, O Espetacular Homem-Aranha e O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro, os envolvidos na produção optaram por mostrar um Peter Parker descolado e com um passado ainda mais dramático do que o consagrado nos quadrinhos. Sem agradar o público, o reinício do teioso nas telonas ficou mesmo na tentativa. Desse modo, a Sony Pictures, detentora dos direitos de adaptação para o cinema, fechou um acordo com o Marvel Studios para fazer um novo reboot e liberou a Direção Criativa do filme para o estúdio da Casa das Ideias.

O acordo não poderia ser feito em melhor hora. A Marvel pretendia adaptar Guerra Civil, importante arco das HQs que mostra um confronto entre dois times de heróis, um liderado pelo Capitão América e outro pelo Homem de Ferro, e tem  uma participação importante do Homem-Aranha. Sua inclusão no longa serviu para os fãs terem uma ideia de como ele seria representado sob a visão da Marvel. Sai então o Peter extrovertido das duas últimas produções e entra o garoto tímido e deslumbrado por estar ao lado dos Vingadores.

Essa representação ganha força com a entrada de Tom Holland para viver Peter Parker/Homem-Aranha. Além da facilidade de executar alguns movimentos do Cabeça de Teia (o ator também é dançarino), Holland é jovem e nos passa a sensação de estarmos acompanhado o Peter Parker dos quadrinhos. O ator reúne em sua interpretação as características que tornaram o personagem tão marcante, como a timidez, a inteligência, a vontade de ajudar e a preocupação com o próximo.

No entanto, depois de lutar ao lado do Homem de Ferro e ficar com o uniforme criado por Tony Stark (Robert Downey Jr.), ele quer provar seu valor. Ansioso por uma nova missão, vive mandando mensagens para Happy (Jon Favreau), o chefe de segurança de Tony, na esperança de ser lembrado. Mas Stark tem outros planos para o jovem e acredita que ele é melhor como o Amigão da Vizinhança, protegendo as pessoas do subúrbio de Nova York, o Queens.  

Numa de suas ações, o teioso descobre que criminosos estão vendendo armas modificadas com tecnologia alienígena. Sob o comando de Adrian Toomes (Michael Keaton), um homem que não gosta dos ricos e quer apenas prover para sua família sem levantar suspeitas, os bandidos recolhem restos das batalhas dos Vingadores e movimentam um negócio lucrativo e perigoso. Embora sem tanta experiência, Peter decide ficar no encalço do grupo e começa aí a conciliar uma vida que é a essência do Homem-Aranha: estudar, proteger as pessoas, esconder a verdade de sua tia May e cultivar uma paixão secreta.

O diretor Jon Watts buscou inspiração no trabalho de John Hughes, como Clube dos Cinco, para trazer ao público uma das melhores fases do aranha nas HQs: sua interação com os colegas de turma enquanto lida com muitos problemas. Watts opta por contextualizar sua trama em uma realidade atual, na qual adaptar é trazer novas visões para os personagens. Com isso, seu elenco multiétnico composto por nomes como Zendaya, Jacob Batalon e Laura Harrier, demonstra que o coração das pessoas deve se abrir para novas possibilidades.  

Com várias referências aos quadrinhos, ao UCM e aos dois primeiros filmes estrelados por Tobey Maguire, De Volta ao Lar é mais contido em termos de ação em relação aos seus antecessores. O próprio vilão Abutre é interpretado sem aquele ar megalomaníaco e representa uma ameaça bem centralizada. Isso de forma alguma configura um demérito para a produção, pois é bom acompanhar uma trama mais simples, que traz o que o Homem-Aranha tem de melhor.

Quando o longa tenta se distanciar muito disso, com um uniforme muito tecnológico e com inteligência artificial à la Jarvis, se perde em um terreno que não é habitual. Felizmente, para o terceiro ato é resgatado o Homem-Aranha lutando pelo bem com suas próprias forças e habilidades (numa memorável referência ao trabalho de Steve Ditko em The Amazing Spider-Man #33), e o teor do personagem é mantido. Uma prova de que o Homem-Aranha está de volta ao lar, o que esperamos não faça ele ir embora tão cedo.

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