
Depois de roubar a cena em Batman Vs Superman: A Origem da Justiça, a Mulher-Maravilha finalmente estreia um filme solo, uma história de origem que mostra seu primeiro contato com uma civilização fora da Ilha Paraíso. A missão de levar esse ícone aos cinemas foi apresentada à diretora Patty Jenkis, responsável por comandar Charlize Theron em Monster: Desejo Assassino, longa pelo qual a atriz venceu vários prêmios, inclusive o Oscar. Ou seja, apesar de ter apenas esse trabalho no cinema, Jenkis já demonstrava habilidade em filmar mulheres em situações de conflito.
Para protagonizar o filme foi escolhida a bela atriz israelense Gal Gadot, que já serviu o exército de seu país, já foi modelo e Miss Israel em 2004, mas tinha pouca experiência nas telonas (seu trabalho de maior destaque foi na franquia Velozes e Furiosos). Apesar do pouco contato que teve até agora com as produções e de ser duramente criticada por causa de seu porte físico, a atriz não decepciona no papel. É bem verdade que Gal não tem o físico característico de Diana nos quadrinhos, mas isso não causa incômodo algum quando seu carisma se sobrepõe a todo o resto. Ela representa a beleza da princesa misturada com a força de uma amazona, a fragilidade de uma mulher, mas também a sua força, a feminilidade, a delicadeza, em alternância com a imponência e a agressividade.
Todas essas qualidades eram comuns à personalidade de Diana durante sua permanência na Ilha Temiscira. Algumas eram mais afloradas, outras mais retraídas, mas, ainda assim, perceptíveis. A oportunidade de ver todos esse nuances surge quando o piloto americano Steve Trevor (Chris Pine) cai com seu avião na ilha. Trevor anuncia que o mundo está passando por um conflito de proporções catastróficas, a Primeira Guerra Mundial, o que para as guerreiras representa a intervenção de Ares, o deus da guerra. Destemida, curiosa, contestadora, a princesa decide acompanhar o piloto de volta ao mundo dos homens, apesar de sua superprotetora mãe, a rainha Hipólita (Connie Nielsen), temer pelo contato da filha com essa realidade.
A transição da Ilha Paraíso para o cenário de guerra se faz tanto na parte técnica como na personalidade de Diana. Tecnicamente, a luz, a beleza e a alegria da ilha são substituídas pela paleta de cores acinzentada e suja dos campos de batalha, e pelos olhares tristes das vítimas do conflito. A amazona esbarra num mundo racista, preconceituoso, em que mulheres não têm voz em convenções masculinas e precisam lutar pelo direito ao voto. Sua inocência ao se deparar com esse mundo, sua relação com Trevor, sua indignação ao visualizar as injustiças e o seu crescimento - tanto em questão de descoberta de poderes quanto ao assumir uma posição contestadora - são os pontos altos do enredo.
O roteiro teve a contribuição de Geoff Johns, excelente roteirista que passou a supervisionar o Universo Cinematográfico da DC a partir de Mulher-Maravilha. O desejo dele de que os filmes assumissem um tom mais leve, mais próximo de algumas histórias, já se fez presente nessa produção. Humor pontual, romance bem construído, insinuante, e cenas de ação dignas dos quadrinhos, fazem do longa uma indicação empolgante de que o universo DC encontrou seu rumo.
O estilo de filmagem que Patty Jenkis resolveu adotar para a ação pega emprestado a marca de Zack Snyder, um dos principais entusiastas das produções da DC, mas sem deixar de ter sua própria assinatura e sem perder a essência que o estúdio resolveu empregar. A câmera lenta está lá mais para marcar ou destacar movimentos do que para acompanhar takes mais longos, a fotografia escura é a melhor escolha de filtro quando Diana usa seu laço da verdade, que dança brilhante em uma linda coreografia de luz e sinuosidade, o tom realista é certeiro ao fazer o paralelo com a Primeira Guerra, permitindo à heroína vislumbrar parte do que sua mãe tanto temia.
Gal Gadot, Patty Jenkis, Geoff Johns, entre outros, conseguiram transpor para as telas todas as qualidades da personagem. Se num mundo dominado por homens, Diana conquistou seu espaço, no mundo das adaptações de quadrinhos com personagens masculinos, Mulher-Maravilha chegou para ocupar o posto entre os melhores filmes baseados em HQs. Uma Mulher-Maravilha, uma maravilha de filme.
Críticas Relacionadas
Excelente crítica, Mulher Maravilha é realmente um dos melhores filmes de super herói. As cenas de luta ficaram incríveis, principalmente as sequências em que ela usa o laço para combater ou interrogar os inimigos. Eu já tinha gostado bastante de Batman vs Superman e a participação da Gal já tinha sido muito boa e o filme solo da Diana superou todas as minhas expectativas. Já estou contanto os dias para assistir o longa da Liga da Justiça. A DC vai arrebentar agora nos cinemas e que venha vários filmes!!
ResponderExcluirObrigado Henrique. A ação do filme é realmente incrível e fica ainda melhor com o laço da verdade. Sempre acreditei muito no universo compartilhado da DC e as esperanças aumentaram com esse Mulher-Maravilha.
ExcluirObrigado pela visita!