domingo, 11 de junho de 2017

A Múmia - Crítica

Cristiano Almeida

Nova versão do clássico da Universal, A Múmia (The Mummy) é o primeiro exemplar de um projeto bem mais grandioso do estúdio. Trata-se da construção de um universo compartilhado de monstros, que pretende produzir, entre outros, novos filmes do Drácula, Frankenstein, O Fantasma da Ópera para depois inseri-los num mesmo contexto, o Dark Universe.

A ideia dos produtores é revisitar as criaturas mais icônicas do cinema e trazer grandes nomes para participar dos longas, como Angelina Jolie, Johnny Depp, Michael Fassbender e Jennifer Lawrence. O pioneiro na lista de astros é Tom Cruise, que chega para viver o explorador Nick, um homem que pensa no lucro fácil e é caracterizado por um constante espírito de aventura. Em uma de suas explorações, ele encontra um antigo sarcófago egípcio, objeto utilizado para abrigar o corpo mumificado de Ahmanet (Sofia Boutella), princesa egípcia condenada ao ritual por trair sua família.

A introdução com o passado da princesa demonstra o tom que as produções devem adotar a partir desse projeto: menos aventura e mais terror. Não que a aventura não esteja presente, ela está, mas em comparação com os longas estrelados por Brendan Fraser, por exemplo, a diversão cede lugar a um clima mais sombrio, ou pelo menos tenta ceder. A caracterização da múmia, seu pacto com Seth, o deus da morte egípcio, e algumas cenas trazem essa característica, mas não são sustentadas até o final dessa primeira investida.

Sofia Boutella dá nome ao filme, porém acaba ficando em segundo plano ao contracenar com Cruise e toda sua paixão em fazer as próprias cenas. O objetivo do monstro na produção é limitado e a ameaça acaba não sendo tão intensa para a humanidade. Como a trama se passa nos dias atuais (o que é inteligente em termos de custo), seria mais interessante se a intervenção da criatura não se restringisse a um ou outro desavisado transformado em seguidor ou às tempestades de areia.

A Múmia conta com a participação de Russell Crowe, que interpreta o chefe da agência Prodigium, uma instituição secreta que monitora as atividades monstruosas pelo mundo. Sua inclusão serve para estabelecer o destino dos personagens e lançar easter eggs das futuras produções, mediante a demonstração de sua coleção particular de itens. Ele próprio é um personagem que deve ser explorado futuramente, mas o diretor Alex Kurtzman acaba gastando o fator surpresa ao revelar rapidamente seu segredo em uma cena desnecessária com Nick.

O resultado para esse primeiro título do Dark Universe foi regular para o que se espera da grandiosidade do planejamento. Como há muitos filmes aguardando o sinal verde, a expectativa é que, gradativamente, as conexões sejam feitas e o universo seja construído de forma consistente. De momento, apenas uma boa ideia que sabe onde quer chegar, mas ainda não sabe como.

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Jornalista apaixonado por cinema. Idealizou o blog com o desejo de partilhar as maravilhas da Sétima Arte com outros cinéfilos e quem mais se interessar pelo assunto.