segunda-feira, 24 de abril de 2017

Velozes e Furiosos 8 - Crítica

Cristiano Almeida

Depois do trágico acidente que vitimou o ator Paul Walker, a franquia Velozes e Furiosos passou por um momento de incerteza. A morte inesperada, a dor da perda, as mudanças que a ausência dele iriam criar para o andamento da série, despertaram dúvida se a produção teria fôlego para continuar. Com a arrecadação bilionária do sétimo filme (Walker morreu durante o período de gravações do longa), o público indicou que ainda quer acompanhar a trajetória de Dominic Toretto (Vin Diesel) e sua família, e os produtores, incluindo Diesel, resolveram lançar mais três filmes para fechar com chave de ouro a saga.

Com a história partindo do período de lua de mel de Dom e Letty (Michelle Rodriguez) em Cuba, Brian (Walker) e Mia (Jordana Brewster) são citados em Velozes e Furiosos 8 apenas para deixarem as pessoas cientes de onde eles se encontram na trama. Mesmo que aparentemente esteja tudo tranquilo e o momento seja de felicidade e amor, sempre temos um motivo para Toretto mostrar sua incrível habilidade ao volante, o que é visto em um velho carro cubano caindo aos pedaços e com um turbo improvisado. A cena pelas ruas de Havana remonta aos primórdios da série, com pilotos disputando no mano a mano para ver quem cruzava a linha de chegada primeiro.

A sequência é apenas um aperitivo da grandiosidade automobilística que o diretor F. Gary Gray havia reservado para as outras tomadas. Em Nova York, o cineasta filmou carros sem motoristas controlados remotamente como uma horda de zumbis, veículos despencando de prédios e outros medindo a potência de seus motores num cabo de guerra; na Rússia, que na verdade era um lago de gelo na Islândia, uma Lamborghini laranja, caminhões e tanques de guerra, entre outros, percorriam a superficie gélida enquanto um submarino nuclear russo lançava torpedos sob o gelo. Gray misturou efeitos visuais e práticos para criar, até aqui, o filme mais grandiloquente da franquia, demonstrando a capacidade de Velozes e Furiosos de cada vez mais trazer novas formas de divertir o público com as acrobacias dos veículos e de seus condutores.

Toda essa grandiosidade vista em cena é decorrente da entrada de Cipher (Charlize Theron), uma hacker que obriga Toretto a trabalhar para ela. Sem alternativa e pensando sempre na família, Dom acaba traindo sua equipe e começa a fazer serviços para a vilã que requerem sua habilidade ao volante. Letty não acredita que seu marido tenha mudado e mantém as esperanças de trazê-lo de volta. Para isso, ela conta com a ajuda de Roman (Tyrese Gibson), Tej (Ludacris), Ramsey (Nathalie Emmanuel), Luke Hobbs (Dwayne Johnson) e ninguém menos que Deckard Shaw (Jason Statham), o vilão do sétimo filme.

O retorno de Shaw segue a regra da franquia de colocar antagonistas mudando de lado, esquecendo o passado rapidinho e seguindo em frente para a boa continuidade da trama. Um ponto positivo, no entanto, pois Statham e The Rock têm ótimas interações trocando insultos a todo momento. São deles também as melhores cenas de luta, pois Jason demonstra a agilidade de sempre no uso de armas e na luta corporal, enquanto Johnson é um tanque em forma de homem, fazendo os inimigos parecerem insignificantes, tamanha a facilidade com que ele levanta, arremessa e nocauteia cada um.

A participação de Statham não é gratuita, porém. Ela tem relação com a trama mais profundamente do que se imagina. Assim como Dom, seu personagem tem uma ligação com Cipher, detalhada ao longo do filme numa das muitas conexões que o roteirista Chris Morgan faz para amarrar as pontas, justificar e trazer elementos de outros longas para preencher lacunas. Em Velozes 8 essas conexões ampliam o conceito de família tão enraizado na série e possibilitam que um lado mais dramático seja incorporado ao enredo. Como dono da franquia, Vin Diesel assume esse papel e tenta personificar um homem em sofrimento e aparentemente sem saída, mas continua sendo melhor quando fecha a cara, trinca os dentes e acelera tudo em seus carros tunados.

Chegar ao oitavo filme sem ficar repetitivo é feito para poucos. Velozes e Furiosos se reinventou, ampliou seu alcance, superou uma tragédia e seguiu surpreendendo com cenas que desafiam as leis da física tamanha a insanidade, mas que são divertidíssimas de se assistir. Pela criatividade dos produtores e diretores envolvidos, não é de se duvidar que eles estejam pensando em cenários cada vez mais ousados para os próximos longas. Cheguei a cogitar o espaço, mas acho que eles não iriam tão longe. Ou será que iriam?

Leia a crítica de Velozes e Furiosos 7
Leia a crítica de Velozes e Furiosos 6

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Jornalista apaixonado por cinema. Idealizou o blog com o desejo de partilhar as maravilhas da Sétima Arte com outros cinéfilos e quem mais se interessar pelo assunto.