quarta-feira, 29 de março de 2017

A Bela e a Fera - Crítica

Cristiano Almeida

Grande sucesso das animações Disney, A Bela e a Fera encantou gerações com personagens cativantes e sua mensagem de que a beleza está no interior de cada um. Seguindo a esteira do sucesso de outras adaptações, como Malévola e Cinderela, o filme revive a magia da Disney para transpor para a tela a história em um live-action cheio de canções e bastante fiel ao material original.

A trama e a mesma da animação de 1991: um príncipe jovem e arrogante nega ajuda a uma feiticeira. Como castigo, ela amaldiçoa o rapaz a ser transformado numa fera e seus servos em objetos vivos. Para quebrar o feitiço, ele tem que aprender a amar e ser amado. Mas quem seria capaz de se apaixonar por uma fera tão assustadora? Para piorar a situação, a bruxa lhe entrega uma rosa que, ao perder sua última pétala, fará com que o encantamento seja eterno.

Vivendo somente com a companhia de seus empregados-objetos, a Fera (Dan Stevens) vai perdendo as esperanças a cada ano, a cada pétala caída. Certo dia, um senhor (Kevin Kline) adentra os portões do castelo e, ao pegar uma rosa do jardim, é acusado de roubo pelo monstro, que o aprisiona. O homem é pai da linda e doce Bela (Emma Watson), uma donzela francesa que ama literatura e vive à frente do seu tempo numa pequena aldeia nas proximidades.

Corajosa, a moça vai até o castelo, troca de lugar com seu pai e fica prisioneira. A partir daí, os objetos, como o candelabro Lumière (Ewan McGregor), o relógio Horloge (Ian McKellen) e o bule Madame Samovar (Emma Thompson), veem a chance de quebrar o encantamento para todos voltarem ao normal. Contudo, primeiro é necessário que o mestre deles, a Fera, aprenda a ser humilde, passe a amar a jovem e que ela retribua o afeto.

Intercalado entre os números musicais, bem ao estilo Disney, e o desenrolar da trama, o longa praticamente reproduz as sequências do original, apenas ampliando alguns pontos para alcançar mais tempo de filme e detalhar questões não abordadas na animação. Com enquadramentos e posições de câmera bem semelhantes, a Bela e a Fera é uma obra que respeita sua fonte, mas não esquece de inseri-la num contexto de mudanças pelas quais o mundo passou.

Para seguir com essa inserção, a produção conta com um elenco que compra a ideia e realiza um ótimo trabalho. A beleza e a doçura de Bela entram em contraste com sua força interior, e Emma Watson equilibra isso com exatidão. Como coadjuvantes, Luke Evans traz toda a canastrice de Gaston e LeFou (Josh Gad) pontua bem os momentos de humor. Há ainda o excelente trabalho de dublagem dos objetos. McGregor, McKellen e Thompson imprimem a personalidade que os artefatos precisam, já que as emoções são difíceis de serem representadas na forma que eles são visualizados.

A produção tem um limite bem definido entre suas ambientações. As cores, a simplicidade e a alegria da aldeia de Bela são inversamente proporcionais ao castelo da Fera. Lá, tudo é cheio de ornamentos e riqueza, porém com uma intensa camada de frieza, falta de vida e escuridão, numa representação precisa do estado de espírito do príncipe. 

Uma pena, portanto, que o ator não tenha a oportunidade real de incorporar esse sentimento. O diretor Bill Condon opta pelo uso excessivo de efeitos na composição do rosto do monstro e, muitas vezes, o resultado é artificial demais. O melhor seria uma maquiagem que permitisse a Stevens transmitir o turbilhão de sensações pelas quais o personagem passa ao longo da projeção.

Com mais essa falha no uso dos efeitos visuais (ele comandou a versão de Renesmee em Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2), Condon prova que - definitivamente - tem limitações quanto ao uso correto da tecnologia. É um apontamento, contudo, que não prejudica totalmente a experiência de ver mais esse clássico das animações transformado em live-action. Desse modo, fica a torcida para que, igualmente ao feitiço que inicia a história, a magia Disney continue eterna.

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