sábado, 19 de novembro de 2016

Animais Fantásticos e Onde Habitam - Crítica

 Cristiano Almeida

Com seus oito filmes a franquia Harry Potter arrecadou mais de US$ 7 bilhões em bilheteria. Para o detentor dos direitos de adaptação, o estúdio Warner Bros., a conclusão da série cinematográfica significava muitos bilhões a menos entrando em seus cofres. A solução para a Warner - e o alívio para os fãs - é a produção de Animais Fantásticos e Onde Habitam (Fantastic Beasts and Where To Find Them), prólogo das aventuras de Harry Potter.

O título do longa faz referência ao livro didático utilizado pelos alunos de Hogwarts. Escrito por Newt Scamander, um magizoologista, a obra cataloga dezenas de animais mágicos do mundo criado por  J.K. Rowling. Eddie Redmayne vive Scamander numa viagem a Nova York, que não tem a ver com a produçao do livro, pois grande parte das criaturas já está registrada em seu manuscrito. Além do livro, ele carrega consigo uma maleta mágica que abriga várias das espécies que ele estuda. 

Por um descuido, alguns animais escapam e Newt precisa percorrem a cidade para recuperá-los. Durante sua caçada, o magizoologista acaba cruzando os caminhos de Jacob Kowalski (Dan Fogler), um aspirante a padeiro e um No-maj, o mesmo que trouxa na definição americana, e o de Tina Goldstein (Katherine Waterston), uma ex-auror da MACUSA (Congresso Mágico dos Estados Unidos). Ela e sua irmã, Queenie Goldstein (Alison Sudol), que tem a habilidade de ler mentes, juntam-se ao pesquisador em sua busca.

Recuperar as criaturas é parte de uma trama mais elaborada, que compreende a ameaça de Grindelwald, vilão que antecede as ameaças de Voldemort, e a captura de um misterioso ser que vem causando destruição na cidade. As cenas com os animais têm um ar mais infantil, lúdico, acompanhado do alívio cômico proposto por Jacob Kowalski; já para as outras sequências há uma mudança de tom, com a produção tornando-se mais pesada e sombria.

Não espere com a apresentação do quarteto a mesma interação que vimos entre Harry, Hermione e Ron. Os protagonistas aqui são pessoas adultas e lidam com situações relacionadas ao momento pelo qual o país passava. Assim, Rowling - que estreia como roteirista - relaciona os personagens com o pós-guerra, com a imigração e com a situação das fábricas. Uma forma inteligente de contextualizar os fatos históricos dentro do mundo mágico.

Em seu primeiro trabalho num roteiro de cinema, a autora foi muito bem. Liberando pequenas pistas, ela soube como construir o suspense, soube dividir a importância de cada personagem para o conjunto e manteve boa ligação com o mundo de Harry Potter, fazendo referências aos personagens e locais. Se por um lado essas ligações são certeiras para os fãs, por outro, podem se perder para quem não seja um consumidor assíduo desse universo, embora seja difícil imaginar que a pessoa que vá assistir ao filme não tenha acompanhado a saga anterior.

Veterano na direção das adaptações de Harry Potter, David Yates foi o escolhido para transformar o enredo de J.K. em filme. Com uma recriação precisa da Nova York da década de 20, ele transmite o que a roteirista propôs: a interferência da magia no mundo real. Ainda que repita alguns elementos das produções anteriores, o diretor tem sucesso na concepção das criaturas (o pelúcio é muito engraçado) e na estrutura dentro da maleta de Scamander. A paleta de cores da fotografia demonstra que o interior do objeto é um mundo fora da realidade, com vários habitats e criaturas das mais diversas formas.

Planejado para compor uma série de cinco filmes, Animais Fantásticos e Onde Habitam apresentou uma ótima ampliação do mundo mágico. Os futuros longas indicam uma unificação cada vez maior com o que já foi produzido, trazendo importantes personagens em versões mais jovens. Sendo fã ou não, a ideia é agir como Jacob Kowalski e deixar que a criatividade de J.K. Rowling nos conduza por esse mundo de magia.

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Jornalista apaixonado por cinema. Idealizou o blog com o desejo de partilhar as maravilhas da Sétima Arte com outros cinéfilos e quem mais se interessar pelo assunto.