
Conhecemos John Wick aposentado de suas atividades. As ações
que ele desempenhava eram respeitadas por toda a cidade. Civis, criminosos,
policiais, todo mundo sabia que não deveria se meter com ele. Só quem parecia
não saber disso era o filho mimado de um chefão russo, que cruza ocasionalmente
o caminho de John e tira dele elementos que eram importantes na sua recuperação
após uma grande perda.
Movido pelo sentimento de vingança, Wick sai em busca do
rapaz e de seus capangas, aniquilando quem cruzar o seu caminho. E dá-lhe tiros
na cabeça, espirros de sangue e lutas bem coreografadas. Com toda essa
movimentação, o treinamento marcial que Keanu Reeves realizou para atuar em
Matrix acaba ajudando nas sequências.
Falando em Matrix, os diretores estreantes Chad Stahelski e David Leitch eram dublês no
filme dos irmãos Wachowski, ou seja, estão acostumados a trabalhar com
Reeves. A experiência deles é bem utilizada nas cenas de ação, com uma mescla interessante de tiros, lutas corpo
a corpo e movimentação. Eles acabam trazendo alguma inovação a um gênero
marcado por clichês. Não que eles não estejam lá, com certeza estão, mas a
técnica que eles empregam para que o personagem cometa os assassinatos é o grande atrativo do
filme.
A influência do longa de ficção científica
é recorrente em vários momentos do comando dos diretores. O clímax, a chuva e os relâmpagos,
protagonista e antagonista cara a cara para um último embate. É bem o estilo de
Matrix Revolutions, não? A dupla teve,
portanto, uma oportunidade de debutar na direção e juntar influências,
referências, clichês e inovações tudo num mesmo produto.
Com isso, a produção caminha bem visualmente e conta ainda
com nomes de peso no elenco (Willem Dafoe, Ian McShane) para dar uma qualidade
maior ao desenvolvimento da trama. Porém, é exatamente nela que temos aquela sensação
de que faltou algo. O objetivo de John Wick era a vingança contra o filho do
chefão russo, mas o roteirista Derek Kolstad muda o foco do personagem para
prolongar a história. Pior ainda quando esse prolongamento resulta em uma
solução rápida e frustrante para o que vinha sendo mostrado.
É óbvio que os roteiros apresentam tramas paralelas que,
quando bem trabalhadas, enriquecem a narrativa. Não foi o caso aqui, visto que a
proposta estava bem definida desde o começo do filme. Assim, ao inserir uma reviravolta,
o script acaba indo contra o próprio cerne da vendetta.
Um erro que traz certo incômodo durante a projeção, mas que
não atrapalha o entretenimento no geral. A ação, como dito, é ótima e tão eficaz quanto
o personagem que a desempenha. E se
todos respeitavam as ações de John Wick, quem sou eu pra discordar.
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