segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

De Volta ao Jogo – Crítica

Cristiano Almeida

A máfia russa está em alta no cinema de ação atual. Assim como no filme O Protetor, estrelado por Denzel Washington, De Volta ao Jogo (John Wick) apresenta os camaradas como o inimigo a ser vencido. A visibilidade da máfia, porém, vai até o momento em que encontram o protagonista vivido por Keanu Reeves, porque depois disso...a contagem de corpos só aumenta.

Conhecemos John Wick aposentado de suas atividades. As ações que ele desempenhava eram respeitadas por toda a cidade. Civis, criminosos, policiais, todo mundo sabia que não deveria se meter com ele. Só quem parecia não saber disso era o filho mimado de um chefão russo, que cruza ocasionalmente o caminho de John e tira dele elementos que eram importantes na sua recuperação após uma grande perda.

Movido pelo sentimento de vingança, Wick sai em busca do rapaz e de seus capangas, aniquilando quem cruzar o seu caminho. E dá-lhe tiros na cabeça, espirros de sangue e lutas bem coreografadas. Com toda essa movimentação, o treinamento marcial que Keanu Reeves realizou para atuar em Matrix acaba ajudando nas sequências.

Falando em Matrix, os diretores estreantes Chad Stahelski e David Leitch eram dublês no filme dos irmãos Wachowski, ou seja, estão acostumados a trabalhar com Reeves. A experiência deles é bem utilizada nas cenas de ação, com uma mescla interessante de tiros, lutas corpo a corpo e movimentação. Eles acabam trazendo alguma inovação a um gênero marcado por clichês. Não que eles não estejam lá, com certeza estão, mas a técnica que eles empregam para que o personagem cometa os assassinatos é o grande atrativo do filme.

A influência do longa de ficção científica é recorrente em vários momentos do comando dos diretores. O clímax, a chuva e os relâmpagos, protagonista e antagonista cara a cara para um último embate. É bem o estilo de Matrix Revolutions, não? A dupla teve, portanto, uma oportunidade de debutar na direção e juntar influências, referências, clichês e inovações tudo num mesmo produto.

Com isso, a produção caminha bem visualmente e conta ainda com nomes de peso no elenco (Willem Dafoe, Ian McShane) para dar uma qualidade maior ao desenvolvimento da trama. Porém, é exatamente nela que temos aquela sensação de que faltou algo. O objetivo de John Wick era a vingança contra o filho do chefão russo, mas o roteirista Derek Kolstad muda o foco do personagem para prolongar a história. Pior ainda quando esse prolongamento resulta em uma solução rápida e frustrante para o que vinha sendo mostrado.

É óbvio que os roteiros apresentam tramas paralelas que, quando bem trabalhadas, enriquecem a narrativa. Não foi o caso aqui, visto que a proposta estava bem definida desde o começo do filme. Assim, ao inserir uma reviravolta, o script acaba indo contra o próprio cerne da vendetta.

Um erro que traz certo incômodo durante a projeção, mas que não atrapalha o entretenimento no geral. A ação, como dito, é ótima e tão eficaz quanto o personagem que a desempenha. E se todos respeitavam as ações de John Wick, quem sou eu pra discordar.

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Jornalista apaixonado por cinema. Idealizou o blog com o desejo de partilhar as maravilhas da Sétima Arte com outros cinéfilos e quem mais se interessar pelo assunto.