
Jackson opta por, além de apresentar novos atores
(como os intérpretes dos anões) e do próprio hobbit, trazer de volta rostos
conhecidos como Ian McKellen (Gandalf), Cate Blanchett (Galadriel), Hugo
Weaving (Elrond), Christopher Lee (Saruman), Andy Serkis (Gollum) e Elijah Wood (Frodo), que faz apenas
uma ponta, mas com grande importância na ligação com a trilogia anterior. Com
essa decisão, o diretor consegue manter aquela relação de identificação do
público, que enxerga tais atores como perfeitos para o papel.
A presença desses personagens gira em torno do principal
deles - o hobbit Bilbo Bolseiro - interpretado agora por Martin Freeman. Bilbo
vivia tranquilo em sua toca, quando é surpreendido pela visita de Gandalf e 13
anões. Eles querem recrutá-lo para uma aventura, na qual tentarão reaver a
região de Erebor, que outrora pertenceu aos antepassados dos anões, mas foi tomada
pelo dragão Smaug. O hobbit reluta, porém aceita partir na jornada inesperada.
O roteiro segue a ordem narrativa do livro, mas na direção
de Peter Jackson são tomadas liberdades criativas para tornar o texto
mais coerente com a linguagem cinematográfica. Assim, são eliminados alguns
momentos mais lentos da obra original para dar espaço a flashbacks e cenas de
batalha. Os personagens também são melhor trabalhados e tornam a produção mais
adulta (Tolkien escreveu o livro para os filhos).
A partir de tais acréscimos, duas sequências merecem destaque: a primeira relata a queda
de Erebor pelo ataque de Smaug e apresenta os antepassados
da raça dos anões, especialmente os de Thorin Escudo de Carvalho (Richard
Armitage); a outra inclui o personagem Radagast, o Castanho (Sylvester McCoy) –
um dos cinco magos – que não aparece no livro, mas que, dentro do contexto, é
utilizado no longa de forma adequada e muito importante para os futuros acontecimentos da aventura.
Além de um roteiro bem amarrado, o filme tem um apuro
técnico que impressiona. A fotografia que capta a Terra-média é fantástica,
apostando em grandes planos aéreos para caracterizar a dimensão da aventura.
Ela fica ainda melhor no IMAX 3D de 48 quadros por segundo. O nível de detalhe dos
elementos e o uso da terceira dimensão na profundidade de determinadas cenas tornam
a experiência marcante, fazendo o espectador se sentir como parte da produção e
não apenas alguém que assiste elementos sendo jogados gratuitamente na tela.
A Direção de Arte segue o padrão visto em O Senhor dos Anéis,
usufruindo das paisagens naturais da Nova Zelândia e inserindo cenários
artificiais para compor a ambientação. Com isso, em O Hobbit temos mais
detalhes da toca de Bilbo, de Valfenda e do ninho das águias. Em meio
a esse cenário, a caracterização dos personagens é digna de premiação
pelo
ótimo trabalho de maquiagem, onde se destacam os anões e Azog, orc
responsável pela morte de Thror, o avô de Thorin.
Todos os elementos citados contribuem para a composição de ótimas cenas de batalha,
sendo a melhor delas a que reúne os anões e Gandalf contra os orcs e o líder
deles, o Grão-Orc. Paralelamente a essa sequência, Bilbo surge em um dos
momentos mais marcantes do livro. As cenas têm o acompanhamento da trilha sonora de Howard Shore,
que repete alguns temas da trilogia anterior, mas sabe empregar músicas
inéditas nas várias situações, que incluem as lutas, suspense e drama.
Ao final, a produção mantém a opção das anteriores de
terminar em aberto para dar continuidade no filme seguinte. Sendo assim, neste
primeiro longa, são abordados menos da metade dos dezenove capítulos do livro.
O Hobbit termina com uma jornada inesperada para Bilbo, mas muito aguardada pelos fãs, que,
além da adaptação, poderão encontrar referências da trilogia O Senhor dos Anéis
e seus apêndices, e, para os mais atentos, até de O Silmarillion.
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