domingo, 22 de setembro de 2013

Elysium - Crítica

Cristiano Almeida

Elysium é a nova ficção científica do diretor Neill Blomkamp, cineasta que se tornou conhecido por seu filme de estreia, Distrito 9. Utilizando de muita ironia, como o homem que trabalha na linha de produção dos androides que serão seus futuros opressores, o diretor continua a fazer metáforas e críticas à desigualdade social.

Seja pelo uso de citações sutis ou mais expansivas, o enredo - escrito pelo próprio cineasta - faz analogias muito interessantes à imigração ilegal e à injusta distribuição de renda, problemas históricos em nossa sociedade.

Na trama, Matt Damon interpreta Max, homem que sempre teve uma vida complicada e ligada ao crime. Apesar dos delitos, ele tem um bom coração e promete a Frey (Alice Braga) que um dia ambos irão para Elysium, a estação espacial criada como ponto de fuga ao superpovoamento da Terra. O local é equipado com o que há de melhor em termos de requinte e avanços da ciência, o problema é que ele é reservado apenas aos ricos e poderosos.

Nesse sentido, o trabalho da Direção de Arte é incrível, pois o contraste entre a Terra e a estação é extremamente detalhado. O planeta se tornou uma grande favela, com prédios velhos, falta de saneamento e sistemas precários. Sob a ótica da repressão, o único sistema com alguma efetividade é o policial.

Percebe-se muito das características da produção de estreia, como a fotografia e a ambientação, nesta nova empreitada, porém o longa não fica preso apenas a isso. Um exemplo é a câmera lenta, utilizada em conflitos que resultam em cenas mais dramáticas e visualmente melhores.

A caracterização dos personagens é outro ponto que agrega muito ao filme. Damon tem as nuances de alguém sofredor e heróico; Jodie Foster transmite o ar esnobe da responsável pela defesa de Elysium; o brasileiro Wagner Moura encarna um hacker criminoso com muita competência e Sharlto Copley, que trabalhou com Blomkamp em Distrito 9, faz um vilão realmente repulsivo.

Elysum entra para a lista daquelas produções de ficção científica com apego à realidade, pois fala do futuro com raízes no presente. Algumas de suas ideias seriam de ótimo uso em nossa sociedade, as outras, porém, esperamos que nunca ultrapassem as telas do cinema.

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Jornalista apaixonado por cinema. Idealizou o blog com o desejo de partilhar as maravilhas da Sétima Arte com outros cinéfilos e quem mais se interessar pelo assunto.