quinta-feira, 28 de julho de 2016

Jason Bourne - Crítica

Cristiano Almeida

Com Matt Damon como protagonista e Paul Greengrass na direção, a franquia Bourne obteve grande destaque entre os filmes de ação e espionagem. Em três longas, a série inovou ao apresentar tramas mais realistas, repletas de suspense e com perseguições de tirar o fôlego. Após a saída de Damon e Greengrass, os produtores tentaram dar continuidade, optando pelo lançamento do derivado O Legado Bourne, mas a incapacidade de caminhar de forma independente determinou um caminho curto para o spin-off estrelado por Jeremy Renner.

Felizmente, os principais responsáveis pelo sucesso toparam voltar e Jason Bourne mostra que continua com tudo em sua quarta produção. Seguindo o modelo da franquia, o agente secreto passa por vários países em busca de respostas e, neste filme, as locações escolhidas foram Grécia, Londres, Berlim e Las Vegas, lugar responsável por acolher uma grande sequência de ação. 

Após os acontecimentos de O Ultimato Bourne, nos deparamos com Bourne vivendo como um lutador de rua entre o povo grego. Entre lampejos de memória, sua volta ao mundo de agências governamentais e agentes secretos com licença para matar se dá pela intervenção de Nicky Parsons (Julia Stiles). A ex-agente da CIA faz uma revelação inesperada para o espião, ligando-o diretamente ao passado e a criação do programa Treadstone. 

O contato dos dois desperta a atenção do presidente da CIA (Tommy Lee Jones) e da chefe para crimes cibernéticos, Heather Lee (Alicia Vikander), uma fria e ambiciosa agente que tem intenções maiores do que capturar Jason Bourne. Confiante de seu potencial, a personagem entra num embate com Bourne dividido em duas frentes: de um lado a experiência de campo do espião, do outro, o controle do meio digital, da vigilância constante e da antecipação imposta por Heather.

Essa vigilância tão habitual em nosso cotidiano é o que direciona grande parte do longa e possibilita ao enredo criar um paralelo com o caso de Edward Snowden. Ele foi administrador de sistemas da CIA e ficou em evidência quando tornou públicos detalhes dos programas que constituem o sistema de vigilância global. Tanto na ficção como na vida real, a mensagem é de que, em nome da segurança, tudo e todos devem ser monitorados. 

Estabelecido o parâmetro para o roteiro, o filme continua a se destacar nas sequências de ação e no suspense. Com a câmera agitada, seguindo a ação bem de perto, Greengrass mantém o mesmo nível das sequências vistas anteriormente em Supremacia e Ultimato Bourne (Identidade Bourne foi dirigido por Doug Liman). Para as perseguições, o diretor não abre mão da trilha instrumental, cortes rápidos na edição e mixagem de som na medida, elementos que enaltecem os momentos em que Bourne desempenha o papel de caça ou caçador.

São nessas cenas que Matt Damon demonstra toda a destreza e traumas de Jason Bourne. O homem introspectivo, inteligente, que calcula cada movimento, é testado até o limite nesse longa, pois cada descoberta o direciona para um passado construído por manipulações e incertezas. É dessa parte de sua história que vem o novo assassino da série, interpretado por Vincent Cassel. Mais experiente e cruel que Bourne, o agente persegue o protagonista até o clímax, apresentado de forma tensa, violenta, sem acompanhamento da trilha e apenas com o som da luta e dos movimentos dos atores.

Para quem demonstrava sinais de aposentadoria da franquia, Matt Damon voltou com todo o fôlego. Em seu melhor papel, o ator dá uma clara indicação que continuar nesse mundo de programas secretos e espiões sem ele é um erro, e erro é algo que Jason Bourne dificilmente costuma cometer.

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