
Diante de um cenário tão cruel não haveria saída? Para Bertrand Zobrist, um bilionário com muitos recursos e ideias, há uma única e derradeira solução: a eliminação de metade dos habitantes do planeta. Ele acredita que só com essa redução, os sobreviventes teriam condições mínimas de continuar a viver com esperança. Zobrist até bolou a forma perfeita de colocar seu plano em prática: a criação de um patógeno que, uma vez disperso, infectaria milhões de pessoas sem que elas soubessem que carregavam tal doença.
Na cama de um hospital em Florença, Itália, com um ferimento à bala na cabeça, e sem nenhuma recordação das últimas 36 horas, é essa a realidade que o professor Robert Langdon (Tom Hanks) vai encontrar em Inferno, adaptação do livro homônimo de Dan Brown. Além da própria sobrevivência, sua astúcia e intelecto serão de suma importância para decidir o destino da humanidade. O problema é como agir quando sua mente brilhante parece não funcionar como antes e o que lhe vem ao pensamento são fragmentos de memória desconexos.
Como em toda trama do professor, temos a participação de uma mulher diretamente ligada à ameaça em questão, papel que recai sobre a jovem médica Sienna Brooks (Felicity Jones). Cuidando de Langdon no hospital, ela acaba se envolvendo no caso quando Vayentha, uma assassina profissional, vai até o local para atentar contra a vida do paciente.
Escapando por pouco, os dois descobrem - por meio de um tubo encontrado no paletó de Robert Langdon, que Zobrist (Ben Foster) é obcecado pela Divina Comédia, de Dante Alighieri. Com base na representação do Mapa do Inferno de Botticelli, que o artista criou inspirada no Inferno imaginado por Dante, o bilionário tece uma teia de pistas que levam até a localização do patógeno. Ele deseja que um, dentre seus muitos seguidores, termine o que ele começou e lance o inferno sobre a Terra.
Robert e Sienna partem, então, em uma corrida contra o tempo pelas ruas de Florença, Veneza e Istambul para impedir a liberação da praga. À medida que a memória acadêmica do professor começa a ligar as peças, ele e sua companheira vão de um ponto turístico ao outro, enquanto tentam sobreviver aos ataques de Vayentha e a perseguição de Christophe Bruder (Omar Sy), um agente da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Em virtude das constantes perseguições, não há tanto tempo para apreciar a beleza arquitetônica dos prédios italianos e turcos. Contudo, com a mistura característica que Dan Brown faz de ficção e história, temos alguns detalhes dos prédios expostos como numa aula de História da Arte. Um dos mais interessantes é a revelação do Palazzo Invisibile, um mundo oculto do Palazzo Vecchio.
Ron Howard segue de maneira linear os acontecimentos do livro, embora tome a liberdade de expandir ou limitar as personalidades de determinados personagens. Para Irrfan Khan, que interpreta o diretor do Consórcio - o grupo contratado por Zobrist para mantê-lo em segurança durante a elaboração de seu plano -, as atitudes são mais efetivas do que simplesmente dar ordens; Omar Sy unifica dois personagens do livro: o agente Bruder e Jonathan Ferris, o disciplinado agente da OMS e o misterioso sujeito que ajuda os protagonistas, respectivamente. A limitação fica por conta do papel de Felicity Jones, mal desenvolvido no que se refere ao suspense que deveria rondar as atitudes de sua personagem.
Howard traz alguma inovação técnica ao filme ao demonstrar as visões que Langdon tem ao recobrar lentamente a memória. O professor é atormentado por horrendas imagens de pessoas feridas, fogo, sangue e a figura de uma mulher que lhe repete sempre a mesma ordem. Howard utiliza uma fotografia diferenciada, que aliada aos efeitos visuais, confere uma atmosfera bastante onírica e representativa.
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