domingo, 25 de setembro de 2016

Sete Homens e um Destino - Crítica

Cristiano Almeida
  
Sete Homens e um Destino é um dos grandes clássicos do cinema faroeste. Sob a direção de John Sturges, Magnificent Seven foi lançado em 1960 com o objetivo de fazer uma releitura de outro clássico, os Sete Samurais, de Akira Kurosawa. Depois de tantos anos, o filme retorna em nova roupagem, respeitando o gênero, mas com total liberdade para adequar a trama ao cenário social atual.

Com tantos discursos e ações a favor do respeito à diversidade, o diretor Antoine Fuqua montou um elenco que reflete de maneira clara esse desejo. Entre homens brancos, há a liderança de um afro-americano, a participação de um oriental, de um mexicano e de um indígena, em contraponto ao longa original que trazia apenas atores brancos. Pensando em ampliar essa representatividade, o diretor apresenta Emma Cullen (Haley Bennett), mulher determinada em buscar a justiça para seu marido e a vila onde mora.

A jovem dama é quem leva aos ouvidos de Sam Chisolm (Denzel Washington), um caçador de recompensas, os terríveis crimes que Bartolomeu Bogue (Peter Sarsgaard) vem cometendo nas redondezas. O déspota formou um exército para tomar terras de pessoas de bem, escravizar trabalhadores e caminhar acima da lei. Para Chisolm é a chance de ajudar os pobres cidadãos e receber muito bem pelos seus serviços, para os outros seis homens que o acompanham é, cada qual ao seu modo, o encontro com um propósito em uma vida sem propósito.

Como todo filme que tem em sua trama a formação de um grupo, há uma longa sequência de recrutamento. São momentos nos quais conhecemos um pouco mais sobre as características de cada um e a contribuição que trarão ao coletivo. Individualmente temos personagens com habilidades no arco e flecha, no manuseio de facas, no tiro a longa distância e na capacidade de improvisação, fatores que acabam por seres indispensáveis para a estratégia e para igualar a diferença com o batalhão adversário.

Devido ao recrutamento, não existe tanto espaço para aprofundar o passado ou a integração dos sete homens. Teoricamente isso seria um problema de desenvolvimento, mas Antonie Fuqua articula alguns diálogos que preenchem essa ausência com muita objetividade. É em uma dessas conversas que tomamos conhecimento do motivo pelo qual Goodnight Robicheaux (Ethan Hawke) tem um comportamento tão estranho durante um conflito.

Aproveitando-se de vastas paisagens naturais, a fotografia de Sete Homens e um Destino é facilitada em sua composição. Montanhas, desertos e grandes vales, iluminados pela luz do sol ou da lua, formam a linda ambientação deste remake. O diretor de fotografia Mauro Fiore integra com coerência todos esses benefícios da natureza e, junto da parte artificial - como o Design de Produção -, transmite todo o espírito do faroeste.

Com toda a variedade étnica citada acima, o longa não ganha somente em sua representatividade e alcance de público, mas também em suas cenas de ação. A atmosfera tensa que antecede um conflito de faroeste, seja ele individual ou coletivo, é transposta para essa versão de forma integral. O ponto positivo aqui fica por conta dos diversos modos de se filmar isso. Pistolas e rifles dividem espaço com armas brancas, um atirador duela com um arqueiro, a força bruta mede esforços com a estratégia e assim por diante.

Antoine Fuqua queria que essa geração tivesse seu faroeste. Para um gênero que teve seu auge e hoje é quase esquecido em questão de novas produções, o diretor conseguiu produzir uma boa atualização. Embora esteja longe de ser considerado um clássico como foi sua fonte de inspiração, o filme tem qualidades suficientes para demonstrar que o Velho Oeste ainda pode divertir e levar muitas pessoas ao cinema.

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Jornalista apaixonado por cinema. Idealizou o blog com o desejo de partilhar as maravilhas da Sétima Arte com outros cinéfilos e quem mais se interessar pelo assunto.