
O recrutamento do grupo ocorre por iniciativa de Amanda Waller (Viola Davis), protagonista nos bastidores do governo que apresenta aos militares a proposta de criar uma força tarefa formada apenas por vilões, a partir do controle de Magia (Cara Delevingne). Para ela, um grupo composto por membros dessa natureza é o ideal para missões clandestinas, pois, ao menor sinal de falha, eles seriam considerados culpados e o governo ficaria isento de qualquer ligação.
Sob o comando do Coronel Rick Flag (Joel Kinnaman) e auxílio de Katana (Karen Fukuhara), a Força Tarefa X é apresentada com a seguinte formação: Pistoleiro, Arlequina, Capitão Bumerangue, El Diablo, Crocodilo e Amarra, sendo este utilizado apenas como exemplo para equipe do que acontece em caso de desistência. A maioria dos vilões vem da galeria do Batman, fato que permite uma participação especial do Homem-Morcego de Ben Affleck e a consequente expansão do universo compartilhado que o estúdio está construindo.
Com tantos personagens, é necessário que haja equilíbrio entre as participações, mas não é raro ver que alguns ganham mais espaço que outros. Para ocorrer essa divisão, leva-se em conta a popularidade do personagem ou até mesmo do intérprete. Com isso, o Pistoleiro de Will Smith e a Arlequina de Margot Robbie saem na frente dos outros e têm um aprofundamento maior em suas histórias de vida. É o espaço perfeito para Smith brilhar como um exímio atirador que vale por vários soldados e Robbie roubar a cena como a integrante mais louca e sensual do grupo.
A presença dela remete diretamente a participação do Palhaço do Crime, mostrado aqui em flashbacks e numa trama paralela ao enredo principal. Ansiosos por criar uma nova versão do eterno inimigo do Batman, os envolvidos acabaram por errar no tom da apresentação. Cheio de tatuagens, portando-se como um chefão do crime, o Coringa de Jared Leto apresenta atitudes que não condizem com o comportamento visto nos quadrinhos, preocupando-se mais com assuntos menores, quando o ideal seria a exploração de seu lado psicótico.
De volta ao esquadrão, David Ayer vacila também na caracterização do Crocodilo (Adewale Akinnuoye-Agbaje) e no tratamento do Capitão Bumerangue (Jai Courtney). O réptil é recriado sem o porte físico das HQs e o inimigo do Flash chega sob uma proposta cômica, mas que não diverte. Caso ele seja utilizado no filme do Velocista Escarlate programado para 2018, terá que ter a companhia de vilões de mais peso, como Flash Reverso ou Grodd, já que demonstrou não ter o carisma necessário para antagonizar um longa sozinho.
Já em personagens que aparentemente não teriam tanto destaque, Ayer teve êxito. Katana demonstra ser uma integrante forte, bem utilizada nas sequências de ação e com um passado interessante. O mesmo pode-se dizer de El Diablo (Jay Hernandez), vilão com a habilidade de manipular o fogo, que tem uma participação muito importante para a trama e um poder realmente surpreendente. A abordagem para Magia é outro ponto que merece destaque, pois suas aparições ficaram bem próximo do que poderia ser a estética de Liga da Justiça Sombria, projeto idealizado por Guillermo del Toro ainda sem data definida.
Com um currículo de filmes mais realistas, David Ayer mescla fantasia com realidade nessa produção. Isso acaba por trazer um exército inimigo sem personalidade, o que resulta apenas em número, mas não em qualidade. Mesmo assim, o grupo de vilões consegue apresentar uma interação bacana e trabalhar como equipe nos momentos decisivos, com cada membro sendo importante ao seu modo.
Esquadrão Suicida passou por refilmagens para, segundo informações, acrescentar mais humor. Inseridas em momentos pontuais, as piadas trouxeram mais sarcasmo ao longa, mas podem ter tirado o espaço da versão ideal. A refilmagem demonstra que a Warner/DC está mudando de ideia ao longo do percurso e desistindo de levar adiante o que oficializou à época do anúncio. Ajustes trazem melhorias, mas mudanças de direcionamento prejudicam estruturas que tinham tudo para serem construídas de forma coesa, e isso é algo que o estúdio não pode aceitar quando se trata de personagens acompanhados pelo selo de qualidade da DC Comics.
Leia a crítica de Batman Vs Superman: A Origem da Justiça
Leia a crítica de O Homem de Aço
Nenhum comentário:
Postar um comentário