sábado, 11 de junho de 2016

Alice Através do Espelho - Crítica

Cristiano Almeida

Continuação do filme de 2010, Alice Através do Espelho (Alice Through the Looking Glass) acompanha o retorno da jovem ao País das Maravilhas para ajudar o Chapeleiro Maluco em um drama pessoal. Com a volta de todo o elenco original e a substituição de Tim Burton por James Bobin na direção, o longa expande a história de alguns personagens e acrescenta novas ambientações à trama.

Vivendo como capitã de um navio, Alice (Mia Wasikowska) é representada à frente de seu tempo, impondo-se diante do machismo da sociedade, que enxerga a classe feminina apenas como serviçal dos homens. Num de seus característicos devaneios, a determinação da jovem é solicitada novamente em Wonderland. Para acessar o mundo fantástico, ela muda de passagem secreta: saí a toca de coelho, entra o espelho.

Reencontrando seus amigos, Alice se depara com o principal deles, o Chapeleiro Maluco (Johnny Depp), deprimindo pela ausência de sua família e por ninguém acreditar nele no que se refere ao sumiço dos membros (para ele, os familiares estão vivos em algum lugar). Ele pede ajuda de sua amiga, que, mesmo relutante, aceita partir em uma nova aventura.

Nessa empreitada, ela encontra o Tempo, personificado na interpretação de Sacha Baron Cohen. Ele é o detentor da Cronosfera, elemento que permite a conexão com outras épocas. Por sua representação, uma abordagem enigmática seria mais adequada para a construção do personagem, porém, o filme prefere trazê-lo de forma cômica, boba, em muitas vezes.

De posse do artefato, Alice começa a viajar por linhas temporais na tentativa de solucionar o caso, sempre com o Tempo em seu encalço. Por ser uma guardião da ordem, o personagem não se encaixa no perfil de vilão propriamente dito. Assim, de forma muito conveniente, a Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter) retorna ao seu papel de vilã para infernizar a vida da garota.

Com motivações rasas e coincidências, o argumento é bastante limitado, ficando abaixo da proposta da produção anterior. No entanto, alguns pontos são adicionados de forma satisfatória ao trabalho. O passado da Rainha Vermelha, como a origem de sua famosa frase: "Cortem as cabeças", são explicados, bem como os anseios do jovem Terrence, o nome verdadeiro do Chapeleiro.

Nessa transição entre presente e passado, entre fantasia e realidade, o longa aposta no uso de muito Chroma key e uma paleta de cores bem variada em sua fotografia para expor os cenários. Da cinzenta Londres, para o colorido País das Maravilhas, passando pelo sombrio Palácio do Tempo, a fotografia e o design de produção trabalham em conjunto para uma boa recepção nesses elementos.

São acréscimos, contudo, que tornam Alice Através do Espelho apenas uma produção regular para mediana. O roteiro acerta em trazer à tona o passado dos personagens, já que ao longo da projeção suas participações são reduzidas, mas apresenta motivos pouco convincentes para a ação dos outros. Em suma, assim como Alice fica entre a realidade e a imaginação, esse filme terminou num misto de boas ideias colocadas em prática com outras que não se concretizaram. 

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Jornalista apaixonado por cinema. Idealizou o blog com o desejo de partilhar as maravilhas da Sétima Arte com outros cinéfilos e quem mais se interessar pelo assunto.