quinta-feira, 19 de maio de 2016

X-Men: Apocalipse - Crítica

Cristiano Almeida
 
Desde que os X-Men iniciaram sua trajetória cinematográfica nos anos 2000, os fãs torciam pela presença do vilão Apocalipse em alguma produção. Depois de Magneto, William Stryker e Clube do Inferno, o mutante mais antigo de todos recebe a chance de antagonizar com os alunos de Charles Xavier no encerramento da trilogia First Class.

A introdução do personagem remonta ao Egito Antigo, época na qual En Sabah Nur (Oscar Isaac) é retratado com ares de divindade pelos nativos e por ele próprio. É um conceito interessante para explicar sua posição, já que a mutação à época era vista como um dom divino e não uma anomalia genética. Toda a sequência inicial, uma continuação direta da cena pós-créditos de Dias de um Futuro Esquecido, é grandiosa e bem impactante para os padrões da franquia no cinema.

O despertar dele, porém, acontece de forma bastante acidental e não condiz com toda a elaboração inicial. Em atividade, Apocalipse assume uma posição de líder religioso, indo de lá para cá, determinado a reconstruir o mundo ao seu bel-prazer. Para isso, ele reúne quatro seguidores, os chamados Quatro Cavaleiros do Apocalipse, numa das várias referências bíblicas utilizadas no filme. O quarteto é composto por Anjo (Ben Hardy), Psylocke (Olivia Munn), Tempestade (Alexandra Shipp) e Magneto (Michael Fassbender), sendo este o melhor de todos.

Embora o personagem conviva com muitos traumas, leva consigo o desejo de viver em paz como um homem comum. Contudo, um novo conflito provocado pela ação humana desperta o Magneto que vive dentro de Erik Lehnsherr. A situação só piora quando, sob a influência de Apocalipse, emerge do Mestre do Magnetismo um inimaginável poder oculto, ilustrado de forma grandiloquente por Bryan Singer.

É no aspecto visual que Singer conquista a maioria dos méritos do filme, entregando um clímax que remete às páginas dos quadrinhos ao envolver vários personagens em cooperação e revelar mais uma força incomensurável. Visualmente, o longa ainda repete um dos trunfos da produção anterior: a divertida cena com Mercúrio. Evan Peters reprisa o papel e entra na trama num momento importante para o que vem a seguir. Graças ao carisma do ator e a forma escolhida pelo diretor para representar a ação do velocista, temos, novamente, uma das melhores cenas da trilogia.

No quesito humano, ou melhor, mutante da produção, o cineasta constrói uma boa relação entre os novatos Jean Grey (Sophie Turner), Scott Summers/Ciclope (Tye Sheridan) e Kurt Wagner/Noturno (Kodi Smit-McPhee). Mesmo com cortes na edição, há espaço para vê-los como estudantes, como jovens vivendo na década de 80, ansiosos por curtir a vida como pessoas normais. Peças importantes para a construção do desfecho, o trio ainda complementa uma das passagens mais marcantes do longa ao encontrar um elemento essencial para a franquia, retratado com muita inspiração na HQ Arma X, de Barry Windsor-Smith.

Com Ciclope iniciando seu aprendizado e Tempestade integrando o grupo rival, a liderança dos X-Men recai sobre a personagem Mística. Uma solução difícil de aceitar, visto que sua personalidade nos quadrinhos é bastante distinta. Como é o que tinha para este filme, a transmorfa veste o uniforme clássico, encoraja os jovens e os estimula a pensar não como simples alunos, mas como os fabulosos X-Men.

X-Men: Apocalipse fecha essa trilogia de forma bem melhor que a anterior. Com sua cena pós-créditos, a indicação é que a saga vai alçar novos voos e sair do lugar comum repetido em algumas ocasiões. Uma possibilidade de conectar-se com Deadpool, variar a gama de vilões e mostrar a ascensão dos jovens da Escola Xavier para o grupo tão querido dos quadrinhos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Editor

Minha foto
Jornalista apaixonado por cinema. Idealizou o blog com o desejo de partilhar as maravilhas da Sétima Arte com outros cinéfilos e quem mais se interessar pelo assunto.