
A Identidade Bourne, produção baseada no livro de Robert
Ludlum, trouxe uma atmosfera diferente aos longas de espionagem, com
sequências mais realistas e alto nível de suspense. Suas duas continuações
seguiram pelo mesmo caminho, e a trilogia acabou por influenciar o James Bond de Daniel Craig na utilização de uma narrativa semelhante. Para essa quarta produção, que pega emprestado apenas o título de um dos livros de Ludlum e cria uma
trama original, vários elementos efetivos nos três primeiros filmes são
eliminados para focar mais na ação.
Com a saída de Matt Damon, a solução foi criar um novo
agente, aqui interpretado por Jeremy Renner. Ele é Aaron Cross, soldado treinado pelo mesmo programa de Jason Bourne. O vemos pela primeira vez em ação
no Alasca, enquanto flashbacks e cortes para a sede da CIA vão explicando a
trama. Cross é parte de um avanço no Programa Treadstone, mas as repercussões
na mídia da ligação de Bourne com o programa fazem com que o coronel Eric Byer
(Edward Norton) decida encerrar o experimento. Desse modo, ele ordena que os recrutas sejam
eliminados um a um para acabar com qualquer vestígio que os liguem à CIA.
O filme demora para engrenar, ficando um pouco
interessante após a tentativa de aniquilar Aaron. Porém, a expectativa não se confirma. Quando
são inseridos outros programas de super agentes na história, o protagonista faz
contato com a Dra. Marta Shearing (Rachel Weisz), médica responsável por criar
pílulas que aumentam a resistência física e a capacidade cognitiva dos agentes,
e a partir desses eventos ambos correm por suas vidas. Ou seja, enquanto nas
outras produções tínhamos o suspense, a busca pela verdade e a ação em momentos
cruciais, neste, temos correria e um agente muito mais físico em contraponto à
frieza do anterior.
Jeremy Renner está bem no papel, tem boas cenas,
mas o personagem não é trabalhado como deveria por culpa do roteiro de
autoria de Tony e Dan Gilroy. Com várias inconsistências e pontas
soltas, o
script exagera em ampliar o universo da trama, trazendo elementos que
não se
encaixam na ambientação e propondo soluções pouco aceitáveis. O
resultado é um
soldado apenas fugindo de seus assassinos, porém, sem um motivo
verdadeiramente
convincente.
Tony Gilroy foi roteirista da trilogia e assumiu a direção
após a saída de Paul Greengrass. Chega a ser estranho que suas ideias tão
efetivas nos filmes anteriores não sejam empregadas nesta produção, e ele
opte por citar e mostrar tantas vezes Jason Bourne. Com isso, ele indica a necessidade de
ligação entre as produções, quando poderia relacioná-las e ainda assim ser
autônomo.
Felizmente, as falhas encontram compensação em aspectos como a interpretação dos atores, do já citado Jeremy Renner, e também Edward Norton, que merecia mais espaço na história, e na trilha sonora de James Newton Howard, eficiente em acompanhar as lutas e os poucos momentos de suspense. Por fim, a ação é bem filmada, mas é prejudicada no clímax com o excesso de cortes na edição.
Felizmente, as falhas encontram compensação em aspectos como a interpretação dos atores, do já citado Jeremy Renner, e também Edward Norton, que merecia mais espaço na história, e na trilha sonora de James Newton Howard, eficiente em acompanhar as lutas e os poucos momentos de suspense. Por fim, a ação é bem filmada, mas é prejudicada no clímax com o excesso de cortes na edição.
Ao final do filme, a sensação é de que O Legado Bourne
poderia ter sido bem melhor se o roteiro expandisse o universo, mas de
forma coerente, ou seja, inserisse o novo agente, mas não com tantas
ideias engenhosas
para sua existência. Tomara que o desejo de Tony Gilroy de colocar Jason
Bourne
e Aaron Cross juntos em um próximo longa se concretize, e o diretor
volte a
contar a história com as características marcantes da trilogia. Caso isso não aconteça, a nova franquia corre o risco de ter elementos de Bourne
apenas
no nome.
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