
Star Wars: O Despertar da Força (Star Wars: The Force Awakens) começa trinta anos após os eventos de O Retorno de Jedi. Das cinzas do Império surge uma grandiosa força militar, a Primeira Ordem. Sob o comando do Supremo Líder Snoke (Andy Serkis), personagem misterioso assim como Darth Sidious, o exército possui uma nova Estrela da Morte e um aspirante ao posto de Lorde Negro, Kylo Ren (Adam Driver). Seduzido pelo lado sombrio e ligado fortemente com outros personagens da saga, ele tenta suprir a ausência do imponente Darth Vader.
Com um sabre de luz em forma de espada medieval, Ren é atormentado por um conflito interno que desequilibra a balança do lado sombrio e luminoso da força. Suas escolhas determinaram o destino de outro importante personagem da saga, personagem este que indiretamente acaba por influenciar várias das ações deste filme e que irá direcionar a continuidade no episódio VIII.
A principio alheia a tudo isso, vivendo em meio a destroços de cruzadores imperiais, caças TIE e Walkers, encontramos Rey (Daisy Ridley) no deserto de Jakku. Catadora de lixo, inteligente e corajosa, a garota conhece Finn (John Boyega), um stormtrooper desertor e com um senso de justiça aflorado. Junto a ele, a jovem acaba se aliando a Nova Resistência, liderada pela ex-senadora e agora general Leia (Carrie Fisher).
O retorno dos personagens clássicos, como Han Solo (Harrison Ford) e Chewbacca, é uma forma de conexão entre duas gerações. Assim como Sir Alec Guiness com seu Obi-Wan Kenobi representou o mentor de Luke Skywalker, temos Solo orientando - ao modo dele - a jovem Rey em sua jornada. A jornada dela, inclusive, é bem semelhante a vivida por Luke: a relutância inicial, a descoberta do potencial, a busca por respostas e, por fim, a aceitação.
Daisy Ridley representa com competência seu papel. A perfeição da personagem chega a incomodar um pouco, no sentido de ser demonstrada praticamente de forma instantânea, em comparação com outros que precisaram de anos de treinamento para desempenhar as mesmas ações. No entanto, para um desenvolvimento a longo prazo, Rey parece ser alguém com um passado bem maior do que o mostrado, o que possibilitaria futuras revelações.
É pensando nesse desenvolvimento que J.J. Abrams deixa várias perguntas no ar. Em O Despertar da Força, o diretor prefere instigar o espectador, limitando as informações para manter o interesse no desenrolar da história. Com a apresentação de personagens bem dirigidos e com personalidades interessantes e promissoras para o trabalho dramático, a transição entre o velho e o novo que ele conquista é certeira.
Conhecido pelo trabalho técnico de seus filmes, Abrams utiliza toda a tecnologia a seu favor. A clássica Millenium Falcon é vista em todo o seu potencial de velocidade e possibilidades acrobáticas, os planetas são construídos de forma crível e a nova arma da Primeira Ordem representa um avanço em relação às antigas versões. Contudo, é nas cenas que requerem o mínimo de efeitos que o cineasta realmente é brilhante. Com um facho de luz em meio à escuridão, ele representa uma ponta de esperança, rapidamente suprimida pelo encobrimento do sol; um close-up num sabre de luz, o personagem que o empunha e o acompanhamento da trilha indicam a esperança; um enquadramento, uma frase e a posterior revelação de um objeto oculto demonstram o respeito pela saga.
Assim, entre o retorno de tantos elementos marcantes, a inclusão de uma nova geração de personagens e o mistério, J.J.Abrams cumpre bem a sua missão. Seguidores da trilogia clássica têm a oportunidade de rever - sob outra representação - a jornada do herói, novatos têm a chance de se familiarizar com a franquia, e todos podem vivenciar uma das maiores sagas do cinema, capaz de eternizar personagens em uma galáxia muito, muito distante.
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