quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Jogos Vorazes: A Esperança - O Final - Crítica

Cristiano Almeida

Dividir o último livro de uma série literária em duas partes virou moda em Hollywood. Harry Potter, Crepúsculo, o vindouro Convergente e Jogos Vorazes são provas de como aproveitar ao máximo o apelo de uma obra e lucrar mais alguns milhões. Uma opção que deixa grande parte dos fãs felizes pela continuidade, mas que não necessariamente resulta em um bom filme.

Para adaptar um livro em dois longas são ampliados ou até mesmo criados novos elementos para ocupar a projeção. O problema é que as soluções podem não se adequar ao que foi proposto inicialmente, o que deixa a trama arrastada e sem a fluidez que lhe deveria ser comum, caso o material fosse enxugado.

Em Jogos Vorazes: A Esperança - O Final (The Hunger Games: Mockingjay - Part 2), a conclusiva adaptação do terceiro livro da saga criada por Suzanne Collins, percebemos que foi exatamente o que aconteceu. O prometido foi cumprido em partes e, para o fenômeno literário e cinematográfico que a franquia se tornou, o resultado do capítulo final foi mediano.
 
No filme, Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) segue em direção à capital para derrubar definitivamente o regime opressor do presidente Snow (Donald Sutherland). Sua determinação serve como fonte de inspiração para unir os distritos que compõem Panem. Mais que uma mulher de fibra, Everdeen é a personificação da luta contra um governo manipulador.

Ela é utilizada mais como uma propaganda do Distrito 13, liderado pela presidente Alma Coin (Julianne Moore), do que como uma presença física e de liderança. A jovem é uma imagem que instiga os rebeldes, mas que não permanece ao lado deles no campo de batalha. Ela é, portanto, um trunfo midiático para envolver a nação na busca por ideais comuns.

Dessa forma, a presença dela se faz em outro campo de ação. Junto de uma equipe composta por Peeta (Josh Hutcherson), Gale (Liam Hemsworth), entre outros, Katniss avança em um terreno distante do conflito. Ali, ela e seus companheiros enfrentam uma versão da arena dos Jogos Vorazes nos quarteirões da cidade, com o território tomado por casulos, armadilhas mortais dos mais variados tipos. Um bom recurso, mas que tem um espaço apenas momentâneo e acaba perdendo força no decorrer do filme.

Ao contrário deste item, a utilização de seres híbridos atacando o grupo preenche uma grande sequência do longa. Tensa e dinâmica, a cena evidencia, contudo, que foram inseridos elementos desnecessários ao andamento da trama. Manipulação, governo opressor, controle das massas pela espetacularização, levante popular, esses são os temas que permeiam a obra e que deveriam ser a prioridade do diretor Francis Lawrence nesta adaptação.

Apesar de sequências sem relevância e um triângulo amoroso trabalhado de forma superficial, o desfecho tem uma reviravolta interessante. Uma opção que desmascara as verdadeiras intenções da presidente Coin e faz Snow provar de seu próprio veneno. Com isso, Katniss conclui sua participação na rebelião provando que, mais importante que acabar com uma representacao física, é acabar com uma filosofia, um ideal. Uma boa alternativa, mas que não foi suficiente para elevar o status deste encerramento: o final épico ficou apenas na propaganda.

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Jornalista apaixonado por cinema. Idealizou o blog com o desejo de partilhar as maravilhas da Sétima Arte com outros cinéfilos e quem mais se interessar pelo assunto.