
A trama acompanha uma garotinha (Larissa Manoela) que se muda com a mãe (Priscilla Amorim) para uma nova casa. O objetivo da mulher é que a menina frequente a melhor escola da região, desejo que faz com que crie para a filha um rigoroso controle de atividades, com hora para os estudos, alimentação e descanso. Com isso, a garota não tem tempo para se desenvolver como uma criança normal.
A mulher quer o melhor para a menina pois tem que trabalhar muito para sustentá-la sozinha, porém, o filme questiona o limite entre proteger e orientar seu filho, e tomar todas as decisões de sua vida. Quando essa linha é ultrapassada, não há autonomia por parte da criança e ela acaba por ser um reflexo dos sonhos dos pais.
A menina começa a enxergar o mundo de outra forma quando conhece um velho aviador (Marcos Caruso) que mora na casa ao lado. Ele lhe conta uma história sobre um pequeno príncipe (Mattheus Caliano) que veio à Terra depois de deixar o asteroide que morava, o B 612. Com esse gancho, a animação trata a descoberta de várias formas: a descoberta da amizade, da afeição pelo próximo, do novo, da fantasia, do sonho...
Para representar este roteiro, a técnica emprega uma interessante mescla da computação gráfica com stop motion. O mundo em que a garota vive é retratado pela computação, enquanto a passagem do príncipe pela Terra é recriada com a movimentação de bonecos em uma sucessão de lindas cenas coloridas.
O diretor Mark Osborne, de Kung Fu Panda, utiliza essa alternância para cruzar as histórias e criar uma trama que retorna ao clássico de Antoine, mas com uma forte aplicação ao mundo da garotinha e, certamente, ao nosso. É um trabalho que, com seu belo visual e narrativa edificante, questiona assuntos importantes de nossa sociedade e nos traz reflexão sobre o sentido da vida, tratando de assuntos como a transição da fase infantil para a adulta, a relação entre pais e filhos, e até o entendimento da morte.
O Pequeno Príncipe, portanto, nos apresenta metáforas que mostram que ser adulto não é sinônimo de perda da inocência, afinal, o essencial é invisível aos olhos, e a criança interior de cada um não pode ser sufocada por objetivos materiais ou uma vida sem diversão.
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