quinta-feira, 28 de maio de 2015

Terremoto: A Falha de San Andreas - Crítica

Cristiano Almeida

A Falha de San Andreas marca os limites entre as duas maiores placas tectônicas do planeta: a placa norte-americana e a placa do Pacífico. Com aproximadamente 1.300 quilômetros de extensão, o atrito entre as placas produz grande instabilidade em toda a Califórnia, fazendo com que o estado americano seja o lugar com a maior atividade sísmica do mundo.

É nesse cenário de perigo iminente que conhecemos Ray (Dwayne Johnson), um especialista em resgates com helicópteros. Com bons resultados em seu trabalho, Ray não tem a mesma sorte na vida pessoal. Ele está se separando da mulher (Carla Gugino), vê o almofadinha interpretado por Ioan Gruffud atrapalhar os planos com sua filha Blake (Alexandra Daddario) e ainda tem que lidar com um trauma familiar.

Em meio ao caos de cada abalo sísmico, são essas situações que vão trazer um respiro e ditar o ritmo das interações entre os personagens. Um espaço para Dwayne Johnson testar outras possibilidades como ator e mostrar que funciona além de personagens brucutus, interpretando muito bem todos os dramas que o bombeiro vive pessoalmente.

As pausas entre uma destruição e outra servem também para a inclusão daquele personagem clichê para os disaster movies, porém essencial em nos explicar a dimensão do que está por vir: o cientista que alerta sobre o perigo da catástrofe, mas que ninguém acredita até acontecer. O papel ficou a cargo de Paul Giamatti, que durante uma de suas aulas sobre terremoto traz dados históricos muito interessantes sobre os abalos.

Realizada a apresentação do fator humano, que nos faz torcer ou não por aqueles personagens, é hora do espetáculo visual numa escala gigantesca de destruição. Resistentes arranha-céus desmoronam como castelos de areia, pontes desabam, crateras se abrem e engolem carros e pessoas...tudo é bem retratado nos efeitos especiais reforçados pela tecnologia 3D.

O diretor Brad Peyton explora várias alternativas durante a projeção. Tanto em questão dos eventos naturais, como tremores e tsunamis, quanto no deslocamento por esse ambiente, Peyton nos possibilita diferentes formas de visualizar os acontecimentos. Se o uso do helicóptero não é mais possível, a ação passa para a terra, se uma rachadura impede a continuidade do trajeto, o mar é a opção.

O cineasta obtém ainda ótimos resultados no uso dos planos de câmera. Um grande plano geral mostra a terra ondulando como a água, uma vítima presa em um abismo é vista numa vertiginosa cena de altura, e um ótimo plano-sequência nos faz passear pela ação, permitindo acompanhar mais de perto o drama da personagem que luta para sobreviver. 

São com esses elementos que Terremoto nos traz um drama familiar diante de um desastre natural. O filme mostra que a bondade humana não tem limites, mas que a crueldade é equiparável. Diante de uma destruição de tamanha magnitude, há ainda quem pense em bens materiais e somente em si. No entanto, frente ao caos não existe divisão de classes, não existe status, e todos acabam por sofrer as consequências daquele cenário.

Por uma triste coincidência, o longa foi lançado próximo de uma grande tragédia: o terremoto de 7,8 graus na escala Richter que atingiu o Nepal, na Ásia, e vitimou mais de 8.500 pessoas. Se uma obra de ficção consegue transmitir a tensão de um ocorrido desses, imagine saber que, infelizmente, isso aconteceu com milhares de outras pessoas. Uma prova do quão insignificantes somos e do respeito que devemos ter diante da fúria colossal da natureza.

2 comentários:

  1. Filme maravilhoso, crítica bem escrita e companhia perfeita!!! Simplesmente amei!!!

    Beijos

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    1. Entre os lançamentos de filmes-catástrofe, Terremoto desponta como um dos melhores dos últimos anos, fazendo companhia ao longa O Impossível, que fala sobre o Tsunami ocorrido em 2004 na Ásia.
      Obrigado pelo elogio ao texto. Como sempre, é um prazer desfrutar de sua companhia.

      Beijos.

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Jornalista apaixonado por cinema. Idealizou o blog com o desejo de partilhar as maravilhas da Sétima Arte com outros cinéfilos e quem mais se interessar pelo assunto.