
Em fuga, Tris, seu irmão Caleb (Ansel Elgort), Quatro (Theo
James) e Peter (Miles Teller) buscam refúgio na facção da Amizade, local de
onde pretendem juntar forças com os membros da Audácia para depor a líder da Erudição.
Convenientemente, eles também encontram um grupo de sem-facção, pessoas que não passaram
no Teste de Aptidão e por isso são excluídos das outras castas.
O filme transmite bem as diferenças entre essas divisões.
Amizade vive em um ambiente simples, porém de harmonia e alegria; Erudição é caracterizada
pela demonstração de poder e superioridade, enquanto os sem-facção são representados
pelo aspecto marginalizado.
Apesar de propor ao longo da projeção a força de uma aliança
entre as facções, o longa acaba decepcionando na prática. A união é insinuada,
é efetivada, mas na hora da ação é distribuída em alguns poucos minutos, sem um espaço maior que demonstrasse o quão importante ela seria em termos estratégicos.
Essa é apenas uma das falhas do roteiro, que erra também na
continuidade de algumas cenas e na participação sem brilho de personagens coadjuvantes. Ansel Elgort interpreta um tipo sem carisma, covarde e
desnecessário; Octavia Spencer aparece e nada acrescenta à trama, e Naomi Watts
tem seu talento desperdiçado com momentos simplórios. Somente a última cena
demonstra que ainda pode haver um aproveitamento melhor de sua personagem.
Para contornar esses erros, Shailene Woodley alterna bem as
emoções de Tris: a determinação, a paixão, a insegurança, a culpa, o medo... Em
meio às responsabilidades, voluntárias ou não, a garota tem os conflitos de uma
adolescente em transição para a vida adulta, que, no caso do filme, está em busca de respostas
sobre sua família e sobre o mundo em que vive.
Nessa busca, as cenas de ação - principalmente nos ambientes
de simulação - são muito bem produzidas. Os efeitos visuais são como uma mistura
de Matrix e A Origem, proporcionado uma ótima percepção da realidade virtual. Na versão em 3D, os efeitos colaboram para algumas boas sequências em profundidade vertical e
horizontal.
Com os conflitos de Tris e a premissa de divisão de classes, controle populacional
por meio da manipulação e persuasão, a franquia tem espaço para explorar melhor
temas tão importantes. Desse modo, o resultado de Insurgente ficou num meio-termo
para um filme que se conecta às futuras produções (a adaptação do terceiro livro será
dividida em duas partes, claro). De qualquer forma, o gancho para a continuação
trouxe alguma esperança (literalmente) para o que há além da pós-apocalíptica
cidade de Chicago. E olha que eu já vi isso antes.
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