quinta-feira, 19 de março de 2015

A Série Divergente: Insurgente – Crítica

Cristiano Almeida

Continuação direta de Divergente, a adaptação do livro de Veronica Roth, Insurgente (Insurgent) acompanha Tris (Shailene Woodley) e seus companheiros na luta para vencer o controle da Erudição. No primeiro filme, a jovem precisava encontrar seu lugar, precisava descobrir sua afinidade com alguma facção, neste, ela precisa lidar com as consequências de ser uma divergente diante da ambição de Jeanine (Kate Winslet).

Em fuga, Tris, seu irmão Caleb (Ansel Elgort), Quatro (Theo James) e Peter (Miles Teller) buscam refúgio na facção da Amizade, local de onde pretendem juntar forças com os membros da Audácia para depor a líder da Erudição. Convenientemente, eles também encontram um grupo de sem-facção, pessoas que não passaram no Teste de Aptidão e por isso são excluídos das outras castas. 

O filme transmite bem as diferenças entre essas divisões. Amizade vive em um ambiente simples, porém de harmonia e alegria; Erudição é caracterizada pela demonstração de poder e superioridade, enquanto os sem-facção são representados pelo aspecto marginalizado. 

Apesar de propor ao longo da projeção a força de uma aliança entre as facções, o longa acaba decepcionando na prática. A união é insinuada, é efetivada, mas na hora da ação é distribuída em alguns poucos minutos, sem um espaço maior que demonstrasse o quão importante ela seria em termos estratégicos.

Essa é apenas uma das falhas do roteiro, que erra também na continuidade de algumas cenas e na participação sem brilho de personagens coadjuvantes. Ansel Elgort interpreta um tipo sem carisma, covarde e desnecessário; Octavia Spencer aparece e nada acrescenta à trama, e Naomi Watts tem seu talento desperdiçado com momentos simplórios. Somente a última cena demonstra que ainda pode haver um aproveitamento melhor de sua personagem. 

Para contornar esses erros, Shailene Woodley alterna bem as emoções de Tris: a determinação, a paixão, a insegurança, a culpa, o medo... Em meio às responsabilidades, voluntárias ou não, a garota tem os conflitos de uma adolescente em transição para a vida adulta, que, no caso do filme, está em busca de respostas sobre sua família e sobre o mundo em que vive. 

Nessa busca, as cenas de ação - principalmente nos ambientes de simulação - são muito bem produzidas. Os efeitos visuais são como uma mistura de Matrix e A Origem, proporcionado uma ótima percepção da realidade virtual. Na versão em 3D, os efeitos colaboram para algumas boas sequências em profundidade vertical e horizontal. 

Com os conflitos de Tris e a premissa de divisão de classes, controle populacional por meio da manipulação e persuasão, a franquia tem espaço para explorar melhor temas tão importantes. Desse modo, o resultado de Insurgente ficou num meio-termo para um filme que se conecta às futuras produções (a adaptação do terceiro livro será dividida em duas partes, claro). De qualquer forma, o gancho para a continuação trouxe alguma esperança (literalmente) para o que há além da pós-apocalíptica cidade de Chicago. E olha que eu já vi isso antes.

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Jornalista apaixonado por cinema. Idealizou o blog com o desejo de partilhar as maravilhas da Sétima Arte com outros cinéfilos e quem mais se interessar pelo assunto.