domingo, 22 de fevereiro de 2015

O Destino de Júpiter - Crítica

Cristiano Almeida

Nova ficção científica dos irmãos Lana e Andy Wachowski (os criadores de Matrix), O Destino de Júpiter (Jupiter Ascending) é um filme que mescla conceitos de ciência, religião e ufologia. Tanto em Matrix quanto nesta produção, acompanhamos a trajetória de protagonistas que estão destinados a algo maior, mas para isso precisam enfrentar um poder antes inimaginável. No longa de 1999, o poder vinha das máquinas, neste, de uma milenar raça extraterrestre.

Na trama, Mila Kunis é Jupiter Jones, uma imigrante russa que leva uma vida monótona e sem objetivo. Ela não sabe, mas está no centro de uma disputa pelo domínio do planeta Terra protagonizada por três irmãos. A jovem é, na verdade, a reencarnação de uma poderosa rainha alienígena e começa a mudar sua rotina com a chegada de Caine (Channing Tatum), um soldado fruto da mistura de DNA humano com o de um lobo.

Contratado por um dos irmãos, Caine vem à Terra para localizar Jupiter e se vê obrigado a protegê-la de matadores de aluguel do reino alienígena, que, sob as ordens do outro irmão - Balem (Eddie Redmayne) - têm o objetivo de assassinar a jovem. Com isso, as cenas de perseguição e luta protagonizadas pelo soldado são o ponto alto do filme, muito pela originalidade e impacto visual. Ele utiliza botas antigravitacionais que deixam rastros de luz a cada trajeto e funcionam como armas nos golpes.
 
Como é de praxe nas produções de Lana e Andy, o Design de produção, os efeitos visuais e a inventividade são marcantes. Neste longa, eles criam raças alienígenas, veículos e ambientações com bastante autonomia e máxima atenção aos detalhes. Ainda na parte técnica, a trilha sonora instrumental - em especial - no clímax, é bem inserida no contexto.

No roteiro, é interessante como os irmãos explicam fatos da vida real, muitos deles aplicados ao cinema, de forma concisa e clara. Evolução, lendas, aparições alienígenas, tudo é conectado na trama de modo a demonstrar uma nova perspectiva (fictícia) para as mudanças no mundo. Desse modo, assim como em Matrix, a humanidade nada mais é que um produto cultivado para outros fins.

Com tanto esmero nesses pontos, o longa decepciona no desenvolvimento dos personagens e em parte da história. Jupiter se depara com um destino grandioso demais para o que ela vivenciava e o aceita facilmente. A relutância é mínima, o conflito idem, e a determinação é rasa para alguém que carrega o DNA de uma rainha. Ela fica mais para uma donzela em perigo e quedas constantes, uma repetitiva situação imposta pelo aproveitamento das cenas com as botas antigravidade.

É mal utilizada também a participação de outros personagens, que desaparecem da trama sem uma explicação convincente. Talvez o pensamento fosse o de utilizá-los futuramente em uma potencial franquia, mas a impressão que se tem é que o roteiro ficou inacabado. Completa o pacote de equívocos, a atuação de Eddie Redmayne como um vilão literalmente inexpressivo. Não há força, não há carisma no personagem, algo difícil de aceitar, porque o ator entrega uma performance inversamente proporcional em A Teoria de Tudo, filme que lhe rendeu uma indicação ao Oscar.

Mais uma vez os irmãos Wachowski criam uma ambientação singular e inteligente, porém, somente o visual não foi suficiente para contar uma boa história. Com um desenvolvimento melhor do elemento humano, certamente, a jornada e força dos personagens seriam equivalentes à grandiosidade e beleza dos incríveis mundos em que vivem.

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Jornalista apaixonado por cinema. Idealizou o blog com o desejo de partilhar as maravilhas da Sétima Arte com outros cinéfilos e quem mais se interessar pelo assunto.