sábado, 23 de agosto de 2014

Os Mercenários 3 – Crítica

Cristiano Almeida

Eventualmente um produto altera sua estratégia de comercialização para aumentar seu público-alvo.  Em diferentes ramos comerciais tal mudança é perfeitamente normal, e não poderia deixar de ser diferente com um filme, que, antes de ser uma forma de arte ou de entretenimento, é um produto da indústria cinematográfica.

A estratégia em questão é a inclusão em Os Mercenários 3 (The Expendables 3) de um novo grupo de integrantes. Entre atores saídos de adaptações de livros juvenis e a musa do MMA, Ronda Rousey, o grupo é atual em ideias e atitudes. Apesar de ter um roteiro melhor que seus antecessores (não necessariamente por essas mudanças), a produção acaba fazendo escolhas ruins ou desnecessárias para esta terceira aventura.

Na história, Barney Ross (Sylvester Stallone) e seu time tentam impedir a ação de um contrabandista de armas. Ross fica surpreso quando descobre que o criminoso na verdade é Conrad Stonebanks (Mel Gibson), um dos fundadores do grupo Os Mercenários, que passou para o outro lado e era dado como morto pelo próprio Barney Ross.

Não bastasse um Mel Gibson vilão, o filme resgata literalmente Wesley Snipes de sua prisão. Na vida real, o ator ficou preso por sonegação de impostos, situação que rende algumas piadinhas. Não só pelas brincadeiras internas, a adição de Snipes é certeira, pois ele mostra que continua em ótima forma, trazendo variedade às cenas de ação e confrontando as habilidades com a faca do personagem de Jason Statham.

Some a isso as presenças de Harrison Ford, de um Antonio Banderas no melhor estilo Zorro e de uma trama com revelações sobre o passado de Ross, e temos os ingredientes para mais uma sessão nostalgia. Contudo, o problema começa quando o roteiro julga tais elementos insuficientes para a produção e inclui mais personagens do que deveria.

Os jovens mercenários até chegam a proporcionar bons momentos, como a piada com o cinema de 85 e algumas cenas de ação, mas a justificativa de Ross para a substituição de seus antigos companheiros é discutível.  A longa sequência de recrutamento é outro ponto falho e faz o ritmo do filme cair consideravelmente.

Em comparação com Os Mercenários 1 e 2, longas comandados por Stallone e Simon West, respectivamente, o diretor Patrick Hughes consegue ser mais intenso na ação. Tanto na tradicional cena de abertura como no clímax, Hughes ousa mais na forma de retratar os confrontos. A qualidade, porém, não é constante e alguns momentos são descartáveis e tecnicamente deixam a desejar.

Ao tomar a decisão de renovar, o filme acaba indo contra sua própria concepção: reunir os grandes astros do cinema de ação. A renovação, claro, é louvável, mas ela ficaria melhor dentro de outro contexto e com um desenvolvimento mais balanceado. Para quem vinha acertando os inimigos e o público-alvo em cheio, este longa foi um tiro de raspão para as intenções de Stallone.

Leia a crítica de Os Mercenários 2

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Jornalista apaixonado por cinema. Idealizou o blog com o desejo de partilhar as maravilhas da Sétima Arte com outros cinéfilos e quem mais se interessar pelo assunto.