Cristiano Almeida
O rei dos monstros está de volta. Godzilla retorna às telas
de cinema numa produção que presta homenagem ao longa original de 1954 e aos filmes
posteriores, ao mesmo tempo que insere a criatura num contexto atual, com uma
visão bem diferente da proposta por Roland Emmerich em 1998.

A trama acompanha o engenheiro vivido por Bryan Cranston, profissional responsável por uma usina nuclear japonesa. Ele acredita que um acidente ocorrido no local
não foi um evento isolado. Anos depois, o engenheiro se une ao filho, um
oficial do exército americano interpretado por Aaron Taylor-Johnson, de Kick-Ass, para
tentar provar sua teoria que o governo está escondendo algo.
Entre aquele velho patriotismo americano e todos os seus
militares, há a figura do ator japonês Ken Watanabe, que vive um pesquisador em
busca de respostas. No contexto da ameaça, das ações de combate ao monstro, o
personagem é quem transmite as informações necessárias para o entendimento da
trama. O interessante é que, como na versão de Peter Jackson para King Kong, ser
uma criatura fantástica não é uma exclusividade. (outra bela homenagem aos
filmes de Godzilla).
O diretor Gareth Edwards mantém o suspense da produção,
revelando aos poucos o que está por vir, como se as cortinas lentamente se
abrissem para mostrar Godzilla em toda a sua colossal presença. E quando ele
aparece não decepciona. Tanto no visual quanto na escala de destruição, o
trabalho técnico é incrível e é digno do nome da criatura.
Para compor a escala, Edwards utiliza com coerência os
grandes planos de câmera, sempre demonstrando o impacto de cada passagem da
ameaça. Com relação ao 3D, indicado como uma experiência a mais, não faz tanta diferença. A tecnologia tem alguns momentos, como
cenas numa profundidade maior, mas nada que realmente altere a percepção.
O roteiro tenta inserir um pouco de humanidade na história,
passando por alguns dramas pessoais, o que deixa a trama mais lenta. Mas, o
filme é dele, do rei dos monstros, e quando ele surge só resta aos
humanos observar por televisores, por trás de janelas, como se houvesse uma
desesperança e um maravilhamento condizentes com a situação.
Godzilla é um longa de muitos aspectos. Entre a homenagem a
um subgênero do cinema e a criação da Toho, a produção coloca o monstro em um
cenário dos medos mais recentes da população. Agrada a quem gosta de efeitos
especiais e quem sempre acompanhou as criações japonesas. Pode até dividir
opiniões e não ser unanimidade entre aqueles que preferiam mais tempo da
criatura na tela, como se Gojira não fosse capaz de ser impactante por um breve
momento, mas certamente vai conquistar uma nova legião de admiradores.
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